segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Parque do Ibirapuera: A natureza a seu dispor em Sampa



O Parque do Ibirapuera, com área de mais de 1,5 milhão de metros quadrados de verde, pode ser considerado, sem duvida como sendo o pulmão de São Paulo. Instalado numa região que abrigava uma aldeia indígena no inicio da colonização, passou a ser usado como pasto e, no inicio do século passado, como deposito de animais que puxavam os carros do Corpo de Bombeiros. Só foi idealizado como parque a partir da década de 20, com o prefeito Pires do Rio.A área era alagadiça e o funcionário público Manuel Lopes de Oliveira, o Manequinho Lopes ( que virou nome do viveiro de plantas de lá), iniciou o plantio de centenas de eucaliptos australianos para drenar o solo. São eles que filtram o ar da região e dão aquela sensação de estar em outro lugar quando visitamos o parque. Em 1951, por conta do IV Centenário que se aproximava (em janeiro de 1954), uma comissão foi criada e o arquiteto Oscar Niemeyer passou a cuidar do projeto arquitetônico do lugar. Roberto Burle Marx se responsabilizou pelo projeto paisagístico. O Ibirapuera da forma que conhecemos hoje, foi entregue a São Paulo em 21 de agosto de 1954. Atualmente ele é o parque mais visitado de São Paulo, e com maior numero de atrações.

E certamente essa importância dos parques para as cidades passam pelas mãos de grandes paisagistas como Burle Marx, pois esses parques devem além de tudo, alimentar a proteger a fauna local. E esse trabalho foi justamente sobre isso, verificar a composição da flora do Ibirapuera verificando se era composta em sua maioria por ávores nativas, já que como podemos ver o parque surgiu com o plantio de eucaliptos australianos.










O Parque do Ibirapuera é predominantemente formado por espécies brasileiras, que abrigam e alimentam a fauna local. Pesquisando no Herbário Municipal contatamos que no parque há tipos mais comuns, como alfeneiro, sibiruna, jacarandá, mimoso e tipuana, e outros menos comuns, como carvalho brasileiro, falsa seringueira, banyan-da-india, chichá e araribá. Há também espécies nativas de grande importância, como seringueira, pau-brasil e jequitibá, que ajudam a compor a flora do parque.






Segundo os registros do Parque do Ibirapuera, encontra-se no parque 136 espécies, algumas ameaçadas de extinção, como papagaio verdadeiro, a jandaia de testa vermelha, o maracanã nobre, o mocho diabo e o cágado de pescoço de cobra. Nos jardins e nos lagos são encontrados bem-te-vis, periquitos, sabiás, socós, garças, mergulhões e cisnes.



A Escola Municipal de Jardinagem, localizada no Parque do Ibirapuera, completou 30 anos de existência em 2005. Durante esses 30 anos, a Escola de Jardinagem passou por uma série de mudanças. Criada em 19 de agosto de 1975, no início atendia apenas aos servidores da cidade, que passavam pelo curso de Capacitação, para trabalhar na própria Prefeitura. A última turma das aulas voltadas apenas aos jardineiros municipais aconteceu durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf. Ao longo dos anos, e com o surgimento da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente em 1993, foram criados e regularizados outros cursos, abertos à população, até chegar aos oferecidos hoje. Dos atuais, três (os de Arborização, Hortas e Orquídeas) foram criados somente este ano.
Atualmente, o mais procurado é o Curso Básico de Jardinagem. Mesmo sendo pago, possui uma lista de espera de cerca de um ano. Para servidores municipais, esse período é menor, já que, se a vaga for solicitada via memorando, é possível encaixar alunos nas turmas, que têm 40 vagas. Oferecido nos horários da manhã e tarde, é pré-requisito para alguns dos outros cursos da escola, como o de Prática de Jardinagem e o de Recursos Paisagísticos. A parte prática das aulas (cerca de um terço do conteúdo), é realizada em uma área ao lado das salas, com mudas e plantas. Entre os alunos das últimas turmas esteve o Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho.
A inscrição para todos os cursos é feita na própria escola, exceto para o curso de Arborização, ligado à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. Para maiores informações sobre o programa, o telefone é (11) 3372-2319.



CURSOS DE JARDINAGEM E PAISAGISMO:
O prédio, localizado junto à administração do Parque, oferece sete cursos abertos a qualquer pessoa maior de 16 anos que queira aprender sobre o cultivo de plantas. São eles:
Curso Básico de Jardinagem (24 aulas), Curso de Recursos Paisagísticos (17 alas), Prática em Jardinagem (8 aulas) Como fazer hortas (6 aulas), Orquídeas: noções básicas (8 aulas), Arborização (10 aulas) e Morfologia e Identificação de plantas Fanerógamas (12 aulas).
O público que freqüenta as aulas é bem variado. Desde jovens, que pretendem se profissionalizar na área, arquitetos, donas de casa, pessoas que utilizam o manejo com as plantas como terapia, até aposentados que vêem nas aulas uma forma de passatempo. Cerca de 1800 alunos passam por ano pelas salas da escola.
Para informações e inscrições, o telefone é (11) 5574-0705.














Beija-flor: aspectos interessantes


Dados Técnicos:
Comprimento: 9,5cm
Identificação: as costas e a nuca são verde brilhante, a cauda e
parte das asas são azul escuro, a garganta e parte do peito são de um tom azul muito vivo. a barriga é branca e dela sobe uma linha que divide o peito, que é ocráceo. Não há diferença entre os sexos.
Assim como outros beija-flores é um dos principais agentes polinizadores de várias plantas, inclusive de algumas bromélias ornamentais e plantas introduzidas.
É territorial e visita bebedouros e flores em horários regulares. Explora até
mesmo flores de plantas rasteiras, voando muito baixo para tal.
Alimenta-se em garrafinhas de beija-flor, onde briga constantemente com
o cambacica (Coereba flaveola) e com o beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura).
Seu ninho em forma de tigela abriga um ou dois ovos.

Não há como não ficar encantando com as aparições do beija-flor. Veloz, chega como se fosse um raio. Com as asas rápidas, quase imperceptíveis, estaciona no ar. "Beija" uma flor com precisão e suavidade. Repentinamente, desloca-se até outra. Instantes depois já não está mais, mas o encanto daquele momento permanece.
Pode-se observar beija-flores apenas na América do Sul, do Norte e Central. "Das cerca de 320 espécies existentes, a maioria se concentra na América do Sul e quase a metade é encontrada no Brasil", explica Christian Dalgas Frisch, após dedicar-se oito anos a observá-los juntamente com o pai, o prestigiado ornitólogo Johan Dalgas Frisch. Do trabalho resultou o livro Jardim dos Beija-flores, aclamado internacionalmente.
O beija-flor chama a atenção a começar pelo pequeno tamanho. No livro dos recordes Guiness, é citado como menor ave brasileira. A variedade Calliplox amethystina, encontrada no Espírito Santo, tem o tamanho do dedo mindinho de um adulto (6,5 centímetros incluindo bico e cauda e peso entre 1,5 e 2,8 gramas). Outro, a abelha (Mellisuga helenae), do Caribe, é a menor ave do mundo segundo o Guiness - com apenas 5,7 centímetros e 1,6 gramas.
Admirável é o desempenho dessa ave no ar. Sua exclusiva articulação "solta" lhe permite desviar o vôo em qualquer ângulo; voar de cabeça para baixo; dar marcha a ré e não ir para a frente nem para trás, girando as asas em forma de oito. O beija-flor de chifres (Heliactin cornuta), do Espírito Santo, de Minas Gerais e Goiás, detém, de acordo com o Guiness, o recorde de velocidade em batimento de asas: 90 vezes num único segundo. Mesmo a média dos demais beija-flores, de 60, é impressionante. Tente agitar o dedo nessa velocidade: não dá para chegar nem perto.
Tudo isso precisa de muita energia e comida. Ótimo, para quem quer atraí-lo e mantê-lo por perto. Ele necessita sustentar músculos que pesam de um quarto a um terço do corpo - cerca de 50% a mais que as outras aves - , e um coração que palpita 480 vezes por minuto, em descanso, e estonteantes 1.260 em movimento. Resultado: um apetite voraz que o faz "beijar" mais de mil flores por dia para obter 6.660 calorias. Mas o consumo pode dobrar. No frio, por exemplo, para manter a temperatura normal do corpo em torno de 40 a 42°C. "Uma grama de beija-flor gasta num dia as calorias usadas em um mês, por um grama de elefante", ilustra o professor titular de fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, José Eduardo Bicudo. Até a digestão colabora. É a ave que mais assimila o que come: aproveita quase todo o açúcar do néctar e digere os insetos em menos de dez minutos. Não dá para falar dessa ave sem lembrar das flores, em especial as que desenvolveram um formato alongado em função dos próprios beija-flores (veja quadro Flores Atraentes). O néctar praticamente só é acessível aos bicos compridos deles e tem uma concentração de açúcar boa para eles ( 15 a 25%), mas fraca para as abelhas (buscam de 70 a 80%). Suas cores são as que eles melhor percebem. "Preferem as vermelhas, amarelas, alaranjadas, brancas e azuis, nessa ordem", ensina Christian. Quase nunca são perfumadas, já que o olfato deles é fraco. Para evitar perfuração por predadores de bico curto que querem "roubar" o néctar, têm base reforçada e pétalas espessas. Curiosamente, entre esses predadores estão algumas espécies de beija-flores de bico curto.
Os beija-flores são também atraídos por flores de outras numerosas plantas, além das mencionadas. Ao sorver o néctar, promovem a polinização - deslocam o pólen do órgão masculino da flor até o órgão feminino dela, fecundando-a . Cinco segundos bastam. A língua, oca no centro, funciona como um canudo e dá velocidade à aspiração. Junto com o néctar, ingerem insetos. Em outras oportunidades, caçam esse alimento rico em proteínas.

PONTO DISPUTADO

A arte de atrair beija-flores passa pelas tradicionais garrafinhas com água açucarada. Elas têm forte poder de atração e a vantagem de serem facilmente colocadas o ano todo onde mais interessa. Funcionam até no 10° ou 12° andar. Disputadíssimas, alguns beija-flores as adotam como fonte exclusiva de alimentação e as freqüentam o dia inteiro. Os mais possessivos, tanto machos como fêmeas, "apoderam-se" delas e não permitem que "intrusos" se aproximem, mesmo que sejam da mesma espécie. Recomenda-se não mudar esses bebedouros de lugar para não provocar disputas agressivas. Até nas ocasiões em que as garrafinhas são retiradas para reabastecimento, os mais dependentes ficam voando por perto. Todo esse interesse provoca o aumento da população de beija-flores nas imediações.
O ideal é ofertar o máximo possível de flores, cujo néctar favorece a saúde do beija-flor pela oferta adicional de sais minerais, proteínas e vitaminas, além de atraírem os insetos, importante complemento alimentar. Só água com açúcar provoca deficiência nutricional. Quem não tem jardim pode mantê-las em vasos suspensos, como a Brinco-de-princesa que floresce quase o ano inteiro ou a Lanterna japonesa, sempre florida. Em apenas 1m2 de terra dá para plantar um pé de Grevilea-anã, arbusto que floresce quase o ano inteiro. "Cada pé corresponde a uma garrafinha de água com açúcar" , comenta Christian. "Forma uma ótima cerca-viva quando plantada a cada metro e meio."
As garrafinhas ajudam a manter os beija-flores por perto nos períodos sem floração, quando há risco de desaparecerem temporariamente. Clima muito frio também causa afastamento. "No Brasil, as migrações em busca de variedade de flores ocorrem eventualmente no Sul e Sudeste nos invernos mais rigorosos", esclarece Christian." Comprovou-se que chegam a percorrer 300 quilômetros em direção ao litoral e Interior." No Exterior, há notícias de deslocamentos grandes, como um entre o Alasca e o México, de 4,5 mil quilômetros. Nesses vôos, os beija-flores adotam velocidade média entre 30 a 70 quilômetros por hora e a máxima de 100. Outra causa de sumiço é o ataque de predadores diurnos como aves de rapina, serpentes, camaleões e, eventualmente, gatos que levam os beija-flores a procurar outras áreas.

NAMORO SHOW

O observador dos beija-flores, com um pouco de sorte, pode assistir ao espetáculo do namoro na primavera. O macho é capaz de se instalar em algum lugar e cantar por horas para atrair uma fêmea. Mas o som desse canto é muito agudo, dificilmente captado pelos ouvidos humanos. O show mesmo fica por conta do desafio entre machos. Competem entre si, exibindo a beleza e as habilidades no vôo e no canto. Quando um consegue chamar a atenção de uma pretendente, sua apresentação evolui. Faz vôos acrobáticos, canta e mostra a plumagem, até ela pousar e aceitar o acasalamento. A participação típica do macho na reprodução resume-se ao namoro. A maioria dos machos de algumas espécies dá uma demonstração especial de interesse, ainda durante a paquera: oferece o ninho prontinho, poupando a fêmea de um trabalho normalmente executado por ela.
O nome colibri, usado para o beija-flor, significa "área resplandecente" na língua dos índios Caraíbas. Refere-se aos tons metálicos que se alternam conforme o ângulo de incidência dos raios solares, efeito semelhante ao da madre-pérola, mais perceptível quando a iluminação é direta e vem de trás do observador. Basta um pequeno movimento para esse colorido deixar de aparecer. A plumagem normalmente combina três das seguintes cores: verde, vermelho, amarelo, branco, preto, laranja, lilás, cinza, marrom e azul. Em algumas variedades as cores vermelha e laranja são típicas dos machos adultos, mais coloridos que as fêmeas e machos jovens.
Os ninhos são de três tipos, conforme a espécie. Um, em forma de tigela, é fixado em galhos - feito com folhas, paina, líquen, musgo e teia de aranha interligados com saliva. Outro, do tipo pendente ovalado, fica nas raízes de barrancos ou em fios elétricos e arames. Pode ser composto de raízes, crina e fibras. O terceiro, alongado, é instalado em folhas como as de palmeiras e samambaias. O ninho do beija-flor verbena (Mellisuga minima), da Jamaica, é o menor do mundo. Registrado no Guinness, tem cerca da metade do tamanho de uma noz. O menor ovo do mundo, lógico, é do mesmo beija-flor e também está no Guiness.
Os beija-flores botam dois ovos alongados e brancos, incubados por 12 a 15 dias. Os filhotes nascem com bico curto. Precisam de muitas proteínas. A mãe regurgita uma pasta de insetos e um pouco de néctar. Aos 20 ou 30 dias já saem do ninho. O beija-flor chega a viver até nove anos, mas a maioria não passa dos três a quatro devido ao desgaste físico, à escassez de alimentos e aos predadores.

SONO PROFUNDO

Uma característica menos perceptível é o sono do beija-flor. Ao escurecer, pousa num galho fino que possa ser agarrado por seus pés pequeninos a ponto de não permitirem andar. Para descansar tranqüilo, começa um ritual que visa economizar muita energia. Diminui gradativamente a temperatura corporal, dos 40 graus a algo próximo à do ambiente. Se atingir 15,6 graus, por exemplo, gasta cerca de 50 a 60 vezes menos energia. Uma redução como essa, de mais de 50%, seria fatal para o homem. O coração desacelera a 36 batidas por minuto. O sono profundo o torna presa fácil de corujas, gambás e serpentes. Mesmo porque demora até uma hora fazendo reaquecimento até alcançar os 30 graus de que necessita para voar. A maneira como se reaquece ainda não está definitivamente explicada. "Sabemos, a princípio, que usa o tremor muscular", ensina Bicudo. "Mas estudamos em laboratórios a hipótese de atuação conjunta de reações bioquímicas."
Assim como algumas outras espécies de aves, os beija-flores passam por períodos de hibernação em regiões muito frias, tais como as próximas às cordilheiras nevadas dos Andes. "Até há pouco tempo, acreditava-se que o motivo era o esgotamento das reservas energéticas", diz José Eduardo Bicudo. "Embora isso também seja verdade, o processo é mais complexo; mesmo bem alimentados podem entrar nesse torpor."
Apesar de ser possível manter beija-flores em cativeiro, não há necessidade. A facilidade de atraí-los, a necessidade que têm de exercitar a musculatura e de voar em busca de néctar e insetos recomendam que a observação se restrinja aos exemplares em liberdade. Em casos que requerem o cativeiro, como nos zoológicos, o correto é que a área permita o vôo e abrigue uma boa variedade de plantas floríferas. "As dimensões mínimas de um viveiro são de 2 metros de frente por 2 de profundidade e 2 de altura, fechado com tela de vãos pequenos", define Bicudo. "Nesse caso, deve-se manter vasos com flores, fazendo um rodízio para sempre estarem à disposição dos beija-flores", explica o ornitólogo, doutor em zoologia pela Universidade de São Paulo, Herculano Alvarenga. "Pode-se complementar com cascas de banana que atraem drosófilas (mosquitinhos) e oferecer mel. As garrafinhas podem também ser oferecidas.
Como o beija-flor precisa de boa musculatura para o reaquecimento ao despertar, não deve ser submetido à vida sedentária de uma gaiola.

SEGREDOS DA GARRAFINHA

O preparo da água com açúcar exige alguns cuidados. Organizações americanas preservacionistas orietam ferver a água para esterilizá-la. A veterinária especializada em aves, Stella Maris Benez, alerta: "O cloro da água de torneiras é prejudicial, pois pode provocar gastroenterites (inflamação no estômago e intestinos)". Quanto ao açúcar, Bicudo sugere o do tipo cristal. "É interessante por ser menos industrializado." A mistura deve ser preparada diariamente (se posta na geladeira, deve ser usada no mesmo dia). Pode ser enriquecida com um suplemento alimentar com proteínas, vitaminas e sais minerais. Stella sugere o Aminosol, vendido em farmácias veterinárias (2 a 3 gotas pingadas na mistura, por garrafinha de 100ml). "O Gevral, vendido em farmácias também pode ser usado", diz Herculano. Nada disso, porém, supre as necessidades do beija-flor. "Sem flores, poderá sobreviver apenas alguns meses."
A fermentação da água com açúcar causa fungos (invisíveis a olho nu) que matam o beija-flor. Provocam infecção bucal e asfixia por inchaço da língua. Mel ou groselha não devem ser adicionados à mistura. Fermentam com maior rapidez. Deixe a garrafinha em local fresco, à sombra, para não acelerar a fermentação com o calor. Diariamente, jogue fora a sobra da mistura, enxágüe bem as garrafinhas e reabasteça-as. Para eliminar a formação de fungos nos recipientes, higienize-os duas vezes por semana. Limpe-os bem e mergulhe-os em água com água sanitária (uma parte de Cândida para 15 de água), por 30 minutos. A seguir, enxágüe bem para eliminar resíduos.
Coloque as garrafinhas a um metro de distância uma da outra. Água com açúcar atrai além de beija-flores, aves como Cambacicas, Saíras e Sanhaços. Caso apareçam, ponha um poleiro perto do bebedouro para facilitar a vida delas (não têm as mesmas habilidades do beija-flor). Há também as visitas indesejáveis de formigas, abelhas e moscas. O avanço maciço de arapuás (abelhas pretas que não picam, mas entram nos cabelos e na roupa) chega a afastar os beija-flores. Nesse caso, pode-se tirar as garrafinhas e colocá-las apenas dois dias por semana para tentar fazê-las encontrar outras fontes de alimento. Se não der certo, só restará queimar a colméia. Formigas dificultam o acesso do beija-flor ao bebedouro. Podem ser mantidas longe untando o barbante ao qual está pendurado com azeite ou graxa à base de petróleo. Garrafinhas com pratinho na base evitam que a água açucarada respingue no chão e crie um novo ponto de atração de insetos.

FLORES ATRAENTES

Há várias opções para atrair os beija-flores. Procure combinar espécies que florescem em meses diferentes e adequadas ao clima da sua região. Ao formar um jardim, plante as flores mais baixas na frente e as mais altas atrás, para todas ficarem bem visíveis. "Para começar um jardim voltado aos beija-flores, plante Camarão-marrom em volta das árvores e nas jardineiras; Camarão-amarelo nos canteiros; Lanterna-japonesa ou Brinco-de-princesa nos vasos suspensos; Asistásias e Lágrima-de-Cristo rosa ao redor dos coqueiros; Asistásias em torno de Arecas e use Grevilea anã como cerca viva", sugere Christian.
Outras dicas:
  • TREPADEIRAS: Lágrima-de-Cristo rosa e Clerodendro vermelho.
  • ÁRVORES FLORÍFERAS: Espatódea, Unha-de-vaca, Mulungu, Suinã, Dombéia, Jacarandá, Paineira, Ipê e Flamboiã.
    Outras ótimas opções são as plantas das famílias que evoluíram juntamente com os beija-flores. As mais comuns na América do Sul são:
  • ACANTHACEAE: Afelandras, Asistásisas, Planta-camarão, Erantemo, Jystícias, Capota-vermelha, Odontonema, Jacobínia-vermelha, Camarão-amarelo, Ruélia-rosa e Sanquésia.
  • BROMELIACEAE: Bromélias, Abacaxi, Abacaxi-vermelho, Cravo-do-Mato e Vriésia.
  • MUSACEAE: Bananeira e Bananeira-de-jardim.
  • PASSIFLORACEAE: Maracujazeiros.
  • RUBIACEAE: Cafeeiro, Hamélia, Ixora, Mussaendas, Pentas.
  • LEGUMINOSAE: Amércia, Árvore-orquídea, Bauínia-vermelha, Unha-de-vaca-Branca, Bráuneas, Sibipiruna, Flamboiã, Flamboiãzinho, Caliandras, Corticeira, Suinãs, Mulungu, Ingá, Flama-da-floresta, Cobreúva-vermelha, Glicínia.
  • VERBENACEA: Lágrima-de-Cristo, Clerodendro, Duranta, Gmelina, Chapéu-chinês, Lantanas, Flor-de-São Miguel.

    PARA SABER MAIS
    Livro: O Jardim dos Beija-Flores, de Johan e Christian Dalgas Frisch, edição Dalgas-Ecoltec, 1995, formato 30x23cm, 272 páginas, Johan e Christian Dalgas Frisch: respondem dúvidas dos leitores de Cães & Cia

    Agradecemos aos entrevistados, inclusive pela revisão técnica desse texto, e a Johan e Christian Dalgas Frisch, pela cessão das fotos.
    Reportagem: Mariana Viktor e Alexis Echeverria. Texto: Marcos Pennacchi
    Foto: Cães & Cia
    Prop: Cães & Cia

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Gorilas ameaçados de extinção



A maior parte dos gorilas ainda existentes hoje, encontra-se em reservas distribuídas no Zaire, Uganda e Ruanda. O gorila das montanhas, impressionante, "inteligente, gentil, vulnerável", alvo de lendas e fantasias, sofreu neste século a maior ameaça de sua história. Desde a época da África-colônia, alemães e belgas, além de caçarem gorilas, dividiram seu habitat em fazendas e territórios arrendados para esquemas de agricultura européia. Programas de conservação e conscientização ecológica começaram a surgir somente na década de 70, quando a Sociedade de Conservação da Vida Animal - New York, em consórcio com outras organizações conservacionistas, criaram o Projeto do Gorila da Montanha. Hoje este projeto é um dos maiores exemplos de sucesso na história da conservação animal. Em Ruanda, o sucesso foi tão surpreendente que a população do pais passou a orgulhar-se de seus gorilas a ponto de não os ameaçarem durante a última guerra civil, em 1990. Apesar das reservas e florestas serem invadidas pelo exército, só se tem notícia de um gorila morto nos quatro (4) anos de guerra, e no auge do conflito, o Primeiro Ministro de Ruanda declarou publicamente o compromisso de seu pais com os gorilas. As duas etnias em guerra, Tutsi e Hutu, concordaram em não matá-los.

Triste Notícia: Em 1999 durante a guerra civil em Ruanda foram mortos 23 gorilas vítimas das revanches Hutus, quando também assassinaram vários turistas britânicos e americanos.

Mulher no volante

Divirta-se com esta mulherona

Legião Urbana: religião ou cult

A história da LEGIÃO URBANA se confunde com a própria historia do rock dos anos 80 e o surgimento das bandas de Brasília. O grupo formado por Marcelo Bonfá (bateria), Dado Vila-Lobos (violões) e Renato Russo (vocais) sempre bateu recordes de vendas em discos, lotou estádios e criou uma verdadeira legião de fãs. Renato Russo, o líder do grupo, até hoje é reconhecido como um dos maiores poetas e compositores da MPB.

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Renato Russo, Renato Rocha, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá

Renato Russo nasceu em 27 de março de 1960 no Rio de Janeiro e aos 4 anos ganhou um disco dos Beatles. Não demorou muito para que ele descobrisse outros sons dos anos 60, como Beach Boys e Bob Dylan. Ouvia muito Sham 69, The Clash, Ramones e Sex Pistols. Aos 7 anos, mudou-se com a família para os Estados Unidos e ao retornar para o Brasil, foi morar em Brasília. Foi lá que em certa vez, Renato viu entrar num bar (o Taberna) um cara meio punk. Renato chegou e perguntou se ele gostava de Sex Pistols , o punk respondeu: “Sex Pistols? Yeah!”. O nome do punk era André Pretorius. Os dois se tornaram amigos e passavam várias tardes ensaiando as músicas de Ramones , Sex Pistols e Slaughter and the Dogs. Depois começaram a se juntar outros músicos que deram origem a bandas como Capital Inicial e Plebe Rude.

Em 1978, Renato montou o Aborto Elétrico. A primeira apresentação do Aborto Elétrico foi em 1980 em um bar chamado “Só Cana”. O público da banda estava crescendo, principalmente na parte dos jovens estudantes. André Pretorius teve de servir o exército e então entrou Flávio Lemos (atualmente do Capital Inicial) para tocar baixo.
Renato saiu do Aborto em 1982 para fazer um trabalho estilo banquinho e vilolão, época em que ficou conhecido como “O Trovador Solitário”. Tocava em aberturas de shows na cidade e foi em uma festa que conheceu Marcelo Bonfá.

Nesta época, Renato Russo chegou a comandar um programa de jazz para uma rádio de Brasília. O problema é que seu o espirito rebelde não se entendia muito bem com o programa que deveria servir de fundo musical ao almoço da elite brasiliense. Os produtores da rádio tentaram então colocá-lo para dirigir um programa sobre os Beatles. Pouco mais de um ano depois, Renato alugou uma sala no edifício Brasília Rádio Center e montou a Legião Urbana com Marcelo Bonfá, Eduardo Paraná (guitarras) e Paulo Paulista (nos teclados). “Paraná solava demais, e éramos contra” lembra Renato por acharem que o som deveria ser menos sofisticado.

Saíram da banda o Paraná e o Paulista, Ico Ouro Preto entrou para tocar guitarra e abandonou o grupo as vésperas de um importante show agendado no auditório da Associação Brasileira de Odontologia. Foi substituído as pressas por Dado Villa-Lobos em abril de 1983. Dado aprendeu nove músicas em três dias e fez o show.
A Legião começou a ser conhecida fora de Brasília, fizeram um show no Circo Voador, no Rio, com Lobão e Capital Inicial. Em 1984, entrou para o grupo o baixista Renato Rocha apelidado de Billy ou Negrete e na mesma época o grupo conseguiu assinar contrato com a EMI Odeon graças a um empurrãozinho dos Paralamas do Sucesso que levaram uma fita com músicas da banda para os executivos da gravadora.

Em Janeiro de 1985 lançaram o primeiro LP: LEGIÃO URBANA que foi muito bem aceito pelo público apesar de uma certa má vontade da gravadora em divulgar o próprio produto e uma desconfiança de que a banda era só uma aproveitadora do sucesso dos Paralamas. Mesmo assim, foi eleito o melhor álbum do ano pela extinta Revista BIZZ e foi apontada como a melhor banda, dona do melhor vocalista e compositora de melhor música: SERÁ.

Neste mesmo ano começaram a fazer os esboços do álbum DOIS que deveria ser chamado de “Mitologia e Intuição” e ser um álbum duplo, mas a EMI não quis e fizeram um simples. O disco DOIS foi lançado em 1986 e atingiu 800.000 cópias vendidas. Apartir deste disco, a banda consolidou seu lugar de destaque no rock nacional, e as letras de músicas como ÍNDIOS, fizeram Renato ser cultuado quase como um profeta.
Era o ínicio de uma tumultuada relação de amor e ódio com os fãs, que as vezes pareciam sair de controle ante a forte influência que a banda exercia do palco. Foi nesta época que fizeram um show em Brasília no ginásio Nilson Nelson em Dezembro de 1986 que terminou com uma menina morta e 20 pessoas feridas. A Legião ficou dois anos sem tocar na capital federal.

Depois desse álbum a banda quase acabou. Dado pensou em fazer prova para o Instituto Rio Branco, Bonfá pensou em ir pegar onda na Austrália e Negrete ficou na dele como sempre. Após essa fase ruim, começaram a juntar o material que deveria ter sido colocado no Dois para gravar o próximo álbum. Em 1987 lançaram QUE PAÍS É ESTE que reuniu músicas do Aborto Elétrico e que nunca haviam sido registradas em vinil. Este álbum fez um grande sucesso por ser um disco bastante crítico e inovador, e a música-título virtualmente abria todos os shows da banda. Uma das composições da época do “Trovador Solitário”, FAROESTE CABOCLO se tornou um fenômeno de execução nas rádios, apesar de seus quase 10 minutos de duração sem refrões.

Durante a turnê de divulgação, fizeram um show em Brasília no estádio Mané Garrincha em um palco quase da altura do gramado. Os tumultos ocorridos diante do palco acabaram atingindo a banda com bombinhas e um maluco que agarrou o pescoço do Renato. A banda tentou continuar tocando mas teve que parar deixando mais de 50.000 pessoas esperando. A rebelião envolveu a polícia montada e bombas de gás, no final 60 pessoas foram detidas, 385 foram para hospitais e 64 ônibus foram depredados. Enquanto isso, no camarim Bonfá e Renato Rocha (geralmente muito calmo) choravam enquanto Russo gritava “Não vim aqui para dar um show para um bando de animais!”. Nunca mais a banda voltou a tocar em Brasília, e apartir de então os shows passaram a ser cuidadosamente planejados.

Em 1988 Renato Rocha sai do grupo, e agora como um trio, a banda começa a preparar o material para a gravação de AS QUATRO ESTAÇÕES. Este álbum iniciou uma nova fase para a Legião. Deixada de lado a fúria do disco anterior, lançam um albúm mais sereno, que fala de assuntos espirituais, sentimentais e temas como AIDS (Feedback Song For A Dying Friend), Homossexualismo (Meninos e Meninas), sem deixar de lado a crítica (1965 - Duas Tribos). O disco é até hoje apontado como uma das melhores obra-primas da música nacional, e o hit PAIS E FILHOS se tornou um dos maiores sucessos da indústria fonográfica em todos os tempos.

Em 1991 gravaram o disco V. A turnê desse disco foi interrompida por problemas de saúde com Renato Russo no auge de sua dependência química. Dado achava que nunca mais iria pisar num palco junto com a banda.

Por sugestão da gravadora é lançado em 92 o disco duplo MÚSICAS PARA ACAMPAMENTOS que reune versões alternativas de gravações em rádio e TV, shows ao vivo e versões acústicas. Em 1993, com Renato Russo recuperado das drogas, lançaram O DESCOBRIMENTO DO BRASIL com músicas um pouco mais alegres e mensagens esperançosas.

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Renato Russo

Renato Russo gravou dois discos solos: THE STONEWALL CELEBRATION CONCERT com 21 músicas em Inglês para a campanha do sociólogo Herbert De Souza, o Betinho. Stonewall é o nome de um bar de NY onde em 1969, gays se rebelaram contra a ação da polícia. O disco traz endereços de várias Organizações Não Governamentais em seu encarte. EQUILÍBRIO DISTANTE surgiu logo depois com mais de 350.000 cópias vendidas, todo cantado em Italiano com um repertório brega-romântico, segundo o próprio Renato. Em 1995 a EMI lançou a lata “Por Enquanto” que reúne todos os CDs anteriores da banda remasterizados. Em 1996 foi lançado A TEMPESTADE OU O LIVRO DOS DIAS que era pra ser um álbum duplo, reunindo canções que ficaram para traz desde os primeiros discos. Duas semanas após o lançamento e diante da possibilidade de uma turnê, morre Renato Russo.

O álbum bastante melancólico, mostra o autor insinuando que algo está errado. A VIA LÁCTEA foi o primeiro sucesso a ganhar as rádios e acabou se transformando numa declaração de adeus com sua letra triste e reveladora sobre o estado de saúde do compositor. “Hoje a tristeza não é passageira, hoje fiquei com febre a tarde inteira, E quando chegar a noite, cada estrela parecerá uma lágrima” dizia a letra.

Renato Russo morreu em seu apartamento, em Ipanema a 1:15 da madrugada de 11 de Outubro por insuficiência pulmonar e anemia aguda causadas pela AIDS, pesando apenas 45 Kg. Foi cremado no dia seguinte no cemitério do Caju no Rio de Janeiro. Renato Russo nunca admitiu ser portador do vírus, talvez para evitar a exposição dolorosa vivida por Cazuza, mas dava pistas sobre sua relação com a doença. Quando lançaram este último disco, propositalmente abriram mão de qualquer divulgação.

Mas a morte de Renato Russo não pôs fim ao trabalho da banda. Nos anos que se seguiram, a gravadora EMI continuou lançando vários albúns de Renato Russo em carreira solo e ao lado da Legião Urbana. Entre estes discos, se destaca UMA OUTRA ESTAÇÃO, de 97 com músicas da banda que não haviam sido aproveitadas no disco anterior.

Em 99 surge a versão oficial do ACÚSTICO MTV gravado em 91 mas que teve apenas algumas canções aproveitadas no MÚSICAS PARA ACAMPAMENTOS. Outros CDs com canções ao vivo da banda foram COMO É QUE SE DIZ EU TE AMO e AS QUATRO ESTAÇÕES AO VIVO. A EMI lançou também as coletâneas MAIS DO MESMO com músicas da Legião, e 2 CDs solos de Renato, O ÚLTIMO SOLO e PARA SEMPRE.
Ainda hoje a Legião Urbana é uma das bandas que mais vendem CDs e DVDs no Brasil. Mesmo com o fim da banda anunciado por Dado Vila-Lobos e Marcelo Bonfá em outubro de 96, pelo menos 3 CDs da banda figuraram entre os 20 CDs mais vendidos do Brasil em 2004.

As faces de Freddie Mercury: documentário



A verdadeira história de Freddie Mercury (1946 -1991) é um documentário convencional sobre a vida do vocalista do grupo inglês Queen, morto pela Aids. Os diretores Rudi Dolezal e Hannes Rossacher descem a detalhes da trajetória do lendário personagem nascido Farrokh Bulsara em Zanzibar, na Tanzânia, de pais persas que trabalhavam para o governo britânico. Seus primeiros anos são mostrados com um jovem ator, Zal Bahardurji, no papel de Mercury, calçado por depoimentos da mãe, Jer Bulsara, e da irmã, Kashmira Cooke. Mais adiante é mostrada sua educação num internato da Índia, onde ele despertou para a música e formou sua primeira banda.

Estrelas da música pop como Mick Jagger, Roger Daltrey, Elton John, Paul McCartney, Robert Plant e outros derramam elogios sobre Freddie, enquanto seus amigos de banda o chamam de muito tímido (Brian May) e "cheio de surpresas e idéias criativas" (John Deacon). Freddie diz sobre si mesmo que a coisa mais importante na vida é a felicidade, que transparece no trabalho, daí seu objetivo na vida era ser feliz, além de ganhar dinheiro para comprar um monte de coisas.

Ele teve uma fase heterossexual na primeira parte da vida, chegou a ter uma companheira por seis anos, mas saiu do armário quando ficou famoso à frente do Queen. Amigos acreditam que ele contraiu a doença numa fase em que viveu em Nova York num ritmo de total promiscuidade. Freddie dava festas monstruosas, uma delas durou três semanas, com as aprontações mais inacreditáveis. Numa delas tinha um anão deitado numa mesa coberto de patê de fígado. Toda vez que era cutucado por um garfo de pontas rombudas, ele se contorcia em esgares. Sem falar em strip teases e outras coisitas dignas de bacanais romanos.

A parte da carreira com o Queen é deixada de lado em função de uma abordagem mais minuciosa de sua personalidade. A estilista psicodélica Zheda Rhodes fala das roupas que fazia para eles, encarregada de ajudar a transformar o cara tímido na persona capaz de reger 60 mil pessoas num estádio. A fascinação de Freddie pela cantora lírica catalã Montserrat Caballé, por quem ficou fascinado ao assistir uma apresentação e não sossegou enquanto não gravou e fez uma turnê de um ano com ela. Monteserrat conta os detalhes da parceria dos dois, incluindo gravações de conversas e o fascínio mútuo. Fred disse que ia trocar o rock pela ópera, mas a doença lhe negou esta possibilidade. "Não lamento nada que fiz, sou apenas eu," diz ele numa das últimas falas do documentário, quando também aparece uma faixa: "Legends never die".

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Plantas Medicinais: história

História das Ervas




Grécia

No século XIII AC um curandeiro chamado Asclépio, grande conhecedor de ervas, concebeu um sistema de cura (também chamado Esculápio de Cos era filho do deus Apolo e da ninfa Corônis), fundando o primeiro spa de que se tem conhecimento, em Epidauro, com tratamentos baseados em banhos, jejum, chás, uso terapêutico de música, teatro e jogos. Os templos de cura pipocaram em toda Grécia, Asclépio foi deificado.^Seiscentos anos depois, Tales de Mileto e Pitágoras compilaram essas receitas. Os gregos adquiriram seus conhecimentos de ervas na Índia, Babilônia, Egito e até na China.



Oriente

O país com mais longa e initerrupta tradição nas ervas é a China.Quando morreu em 2698 A.C., o lendário imperador Shen Nung já provara 100 ervas ; menciona em seu "Cânone das Ervas" 252 plantas, muitas ainda em uso. Cem anos mais tarde, o Imperador Amarelo, Huang Ti, formalizou a Teoria Médica no Nei Ching. No século VII, o governo da dinastia Tang imprimiu e distribuiu pela China uma Revisão do Cânone de Ervas. Em 1578, Li Shizhen completou seu "Compêndio de Matéria Médica", onde listou 1800 substâncias medicinais e 11.000 receitas de compostos..

Médio Oriente

Placas de barro de 3.000 AC registram importações de ervas para a Babilônia (trocas com a China de ginseng aconteceram por volta de 2.000 AC). Farmacopéia babilônia abrangia 1400 plantas. O historiador grego Heródoto mencionou que muitos babilônios eram médicos amadores, os doentes deitavam na rua e pediam conselhos a quem passava.

O primeiro médico egípcio conhecido foi Imhotep (2980 a 2900 A.C.), foi o sacerdote que desenhou uma das primeiras pirâmides. Grande curandeiro, foi deificado, e utilizava ervas medicinais em seus preparados mágicos. Os Papiros de Ebers do Egito foram um dos herbários mais antigos que se têm conhecimento, datando de 1550 A.C., e ainda está em exibição no Museu de Leipzig (são 125 plantas e 811 receitas). Nota-se a astrologia integrada na medicina egípcia.

Na mesma época, médicos indianos desenvolviam avançadas técnicas cirúrgicas e de diagnóstico, e usavam centenas de ervas nos seus tratamentos. Segundo os hindus "as ervas eram as filhas prediletas dos deuses".


Idade das trevas

Nesta fase a Pérsia tornou-se o centro de perfeição da época, com os médicos gregos sendo traduzidos para o árabe. Na Europa os progressos foram dificultados pela Igreja, que não via com bons olhos a aprendizagem científica, e encaravam a doença como um castigo; a medicina das plantas restringiu-se aos monges nos mosteiros e a algumas mulheres de aldeias remotas.

Renascimento.

O século XV traz a era dourada para as ervas: à partir da observação dos resultados dos remédios à base de ervas; Nesse ambiente racional as mulheres foram proibidas de estudar e os curandeiros não profissionais eram hereges.

Idade Industrial e Moderna

A ciência levou ao desenvolvimento do assunto ervas, sintetizando partes das plantas e concentrando dosagens.

O uso mais baixo das ervas foi no início do séc XX, mas com os efeitos secundários das drogas artificiais, a ecologia incentivando uma volta ao natural, está acontecendo um renascimento fantástico da utilização das ervas.

América

O primeiro herbário das Américas é o Manuscrito Badanius, o herbário asteca, do séc XVI, em nahuatl.

No Brasil, em 1995, o consumo de medicamentos caiu a níveis alarmantes. Pesquisa SOS FARMA, para levantar as causas descobriu que das 400 famílias pesquisadas, 91,9% se automedicavam com ervas e 46,6% cultivavam nos quintais. Dados da Assoc.Brasil da Ind Farm. apontam que as vendas de medicamentos sintéticos cresceram 16% naquele ano, enquanto o consumo de fitoterápicos subiu 20%. Tanto assim que a CEME, central de medicamentos, está financiando pesquisas em universidades. Médico Celerino Carriconde, coord. do Centro Nordestino de Medicina Popular, acredita que o uso de fitoterápicos pode reduzir à metade os gastos da população com medicamentos e com os mesmos resultados dos alopáticos.

Projeto Farmácias Vivas- Criador prof. Francisco Abreu de Matos, da Univ.Fed do Ceará, bisneto do cirurgiãi Francisco José de Matos, criador da "piúla de mato", que desde 1888 era usada no sertão cearense para combater prisão de ventre.

Dinossauros

Dinossauros



A palavra DINOSSAURO (do grego deinos = terrível / saurus = réptil ) é um termo usado para designar duas grandes ordens de répteis arcossauros da Era Mesozóica: os Saurischia e os Ornithischia. Os Saurischia ("bacia de lagarto") compreendem todos os terópodes (carnívoros bípedes) e os sauropodomorfos (quadrúpedes de pescoço e cauda longas). Como principal característica tinham os ossos da bacia separados, semelhantes aos lagartos. Já os Ornithischia ("bacia de ave") tinham os ossos da bacia um ao lado do outro. Compreendem todos os outros tipos de dinossauros.

Os dinossauros eram criaturas únicas. Tanto que alguns cientistas especializados em cladística os consideram como uma classe à parte, intermediária entre os répteis e aves. Como os répteis possuíam pele escamosa, punham ovos com casca, tinham caudas longas e fortes e dentes homogêneos. Diferentes dos outros sáurios, porém, cujas patas estão posicionadas nas laterais do corpo, suas patas eram posicionadas logo abaixo do tronco, tal como as aves e os mamíferos. Também como as aves e mamíferos seu metabolismo de alguma maneira podia manter-se mais ou menos constante, sem depender da temperatura do meio externo. Acredita-se que os dinossauros evoluíram a partir de répteis arcossauros conhecidos como tecodontes

Irmãos Lumière: Luz,Camera, Ação

Irmãos Lumière: Luzes, câmera, ação
Perfil dos irmãos Lumière; entre as inúmeras invenções que levam sua assinatura, a mais espetacular foi o cinematógrafo.
Entre as inúmeras invenções que levam sua assinatura, a mais espetacular foi, sem dúvida, o cinematógrafo. Naquele final do século XIX, eles nem sequer imaginavam que a máquina que criaram se transformaria num instrumento de fazer arte e também muito dinheiro.

Por Gisela Heymann, de Paris

Quem passou pelo Boulevard des Capucines, no centro de Paris, no final dos idos de 1895, não pôde deixar de notar uma enorme fila que se estendia por centenas de metros. Agasalhados contra um rigoroso inverno, homens, mulheres e crianças esperavam a vez para entrar na pequena sala do subsolo do Grand Café, pomposamente batizada de Salão Indiano, no número 14 daquela avenida. Uma vez instalados nas 100 cadeiras dispostas diante de um grande pedaço de pano branco, assistiam a um fantástico espetáculo de luzes e movimentos. Em certo momento, um trem avançava em direção à platéia, para depois desaparecer num canto da tela. Pouco depois, podia-se observar a saída dos operários, na pausa do almoço, da fábrica Lumière, instalada em Lyon.
A sessão durava vinte minutos e custava 1 franco por pessoa. Os que puderam participar destes momentos certamente não se arrependeram do tempo gasto ou da despesa extra. "Esta foi a mais fácil invenção de minha vida", dizia Louis Lumière, décadas depois, quando o cinema já tinha se transformado em arte e em negócio milionário. Auguste e Louis foram os dois primeiros filhos de um casal humilde: Antoine, pintor de letreiros, e Jeanne-Joséphine, lavadeira. Logo após o casamento, em 1859, os dois perambularam por Lyon Paris e Besançon onde Antoine resolveu mudar de profissão. Segundo ele, a pintura não tinha futuro. Melhor seguir a moda e tentar o ramo da fotografia. Após alguns meses de aprendizado num estúdio fotográfico, Antoine montou seu próprio negócio.
Cinco anos mais tarde, a família voltou para Lyondesta vez definitivamente. Instalado na Rua de la Barre, a principal da cidade, o patriarca, também conhecido por sua bela voz, pelo fervoroso nacionalismo e por um obstinado anticlaricalismo, não precisava correr atrás de clientela. Quatro mil automóveis, 5 000 charretes, 500 cavaleiros e mais de 40 000 pedestres passavam, por dia, em frente à sua porta. Nos anos seguintes, outros dois filhos vieram aumentar a família e, não fosse pela mania de gastar sempre um pouco mais do que ganhava, Antoine Lumière poderia se considerar um próspero comerciantenos dias de movimento, chegava a tirar até 200 retratos. Auguste e Louis trilharam os passos do pai. Durante sua primeira viagem de férias, os dois irmãos seguiram para a Bretanha, no noroeste da França, acompanhados de um professor de Matemática, Marius Pradel
O passatempo não poderia ser outro: depois de fotografar tudo o que viam, corriam para uma gruta que, na maré baixa, lhes servia como quarto escuro para revelação. Foi nesta caverna, chamada de Goule-aux-Fées, que Auguste e Louis juraram trabalhar juntos por toda a vida. Os dois estudaram no colégio La Martinière, mas atacado por inexplicadas crises de dor de cabeça, Auguste não pôde prestar os exames para a faculdade. Louis, que sofria do mesmo mal, nem sequer tirou o diploma oficial da escola, embora tenha colecionado primeiros lugares em Desenho, Matemática e Química durante os dois anos de curso. Nas horas vagas, ambos ajudavam o pai, que chegou a apresentar suas mais belas fotos na Exposição de Paris em 1878
Foi na mesma ocasião que o arrebatado Antoine decidiu encomendar uma iluminação elétrica para seu estúdio novidade que causou furor aos espectadores do evento. Convencido de que o jogo de luzes do inventor alemão Van der Weyder incrementaria seu negócio, o pai Lumière fez apenas uma exigência: ser o único a possuir o engenho na região. Ele não contava, porém, com outro empecilho: ainda não existia distribuição de eletricidade na Lyon de 1879. Antes de se dar por vencidoatitude pouco comum na família-, Antoine instalou na cave uma pequena central a gás ligada a uma outra máquina encarregada de alimentar em corrente continua as tais lâmpadas elétricas.
Foi a primeira de uma série de soluções que seriam manchete de jornal ainda por várias décadas. No famoso século das invenções, aperfeiçoar, desenvolver e até improvisar eram qualidades indispensáveis. Auguste e Louis herdaram-nas em quantidade mais que suficiente. Antoine, seus filhos e até Madame Jeanne-Joséphine dominavam bem a complexa técnica fotográfica daqueles tempos: as placas chamadas de colódio úmido tinham de ser emulsionadas uma a uma, num quarto escuro, antes da exposição e reveladas instantes depois. Para as fotos de exterior, uma câmara escura fazia parte dos apetrechos do profissional. No entanto, a invenção e o aperfeiçoamento das placas secas, sensibilizadas de antemão, prontas para o uso e que podiam ser conservadas e reveladas muito tempo depois seriam a grande revolução da época. O patriarca Lumière não deixaria passar mais essa novidade. Muniuse de revistas especializadas, em que as novas fórmulas foram publicadas e pôsse a fabricar suas próprias placas.

Sua histórica impaciência banhada de um parco conhecimento de Química foram responsáveis pelo fracasso, embora o fotógrafo nunca tenha deixado de acusar os inventores de divulgar fórmulas falsas. Exausto pelas tentativas infrutíferas, Antoine seguiu para a fazenda de um amigo em busca de calma. Durante o repouso no campo, Auguste e Lonis resolveram retomar as experiências do pai. Ao contrário deste, os dois irmãos eram minuciosos ao extremo: anotavam cada resultado, cada nova técnica e mudavam apenas um parâmetro por vez. Ao voltar, Antoine surpreendeu os filhos num infatigável trajeto de ida e volta à farmácia mais próxima, único local onde havia uma balança de precisão.
Em 1881, Auguste, contrariado, partiu para cumprir o serviço militar. Pouco depois, Lonis chegou à fórmula final. Animado com a possibilidade de se tornar o único fabricante de placas secas da região, Antoine não tardou a procurar um galpão que lhe servisse de estúdio. A jornada de trabalho tornou-se ainda mais dura que de hábito. Louis, então com 17 anos, sua irmã Jeanne, de apenas 11, e a mãe, cumpriam quinze horas por dia, enquanto Antoine mantinha o estúdio em plena atividade. Mil e quatrocentas placas eram produzidas por diaquantidade ainda insuficiente para cobrir as dividas contraídas pelo fotógrafo otimista. Embalado pelo sonho da fortuna rápida, Antoine Lumière comprou equipamentos e gastou muito mais do que podia, antes de esperar, impacientemente, como de costume, a volta do filho mais velho. "Estamos arruinados", anunciou.
Para o jovem Auguste e seu irmão, porém, nem tudo estava perdido. Armados de uma seriedade fora do comum, reuniram os cobradores, conseguiram moratória e até algum crédito extra para pagar a alguns incrédulos. Venderam o estúdio, contrataram operários e em pouco tempo tinham reerguido, pela primeira vez, o que o pai tinha destruído. Os dois resolveram voltar ao laboratóriodesta vez empenhados em inventar uma placa mais rápida que necessitasse de apenas alguns segundos de exposição. A "etiqueta azul", que recebeu este nome por conta do rótulo da embalagem, foi vendida por nada menos de sessenta anos. Auguste e Lonis tornaram-se respeitados empresários de Lyon. Em cinco anos, o que passou a ser a Sociedade Anônima Lumière e Filhos cresceu de forma espantosa. O volume de negócios, que em 1886 era de 295 000 francos, pulou para 1,253 milhão. A família vivia, enfim, confortavelmente.
Antoine promovia jantares, festas e jogos. Eram de fato poucas as noites sem movimento na casa dos ilustres franceses. Principalmente depois que a família Wincler, de origem alsaciana, se instalou nas redondezas. O pai, Alphonse, cervejeiro de profissão, havia comprado a Grande Brasserie, na Avenida de la Croix-Rousse. Antoine e Alphonse chegaram a construir um túmulo comum no cemitério de la Guillotière. Eles não eram os únicos a alimentar projetos coletivos. Em 1893 Auguste Lumière casou-se com Margueritte Wincler; Jules Wincler com Juliette Lumière; Louis Lumière com Rose Wincler e enfim Charles Wincler com France Lumière. A partir daí, nenhuma refeição contava com menos de dez pessoas à mesa.
As noites acabavam em música, o que não impedia os irmãos de acordar todos os dias às 4 da manhãhábito que os acompanhou até a velhice. Auguste e Louis se encontravam desde cedo para discutir os mais diversos assuntosda administração da fábrica, quando jovens, ao futuro do cinema, anos depois. "Meu pai era um poeta. Assim que ganhava algum dinheiro, gastava-o com a mesma rapidez", disse Lonis em sua última entrevista ao jornalista francês Georges Sadoul, autor de uma famosa história do cinema mundial. Ele se referia, sem dúvida, à segunda vez que Antoine recorreu aos filhos, ao confessar que tinha vendido suas ações da fábrica, além de ter feito empréstimos de 1,5 milhão de francos por conta de sua nova mania: construir casas. Como Auguste e Louis não suportavam a idéia de dividir seu negócio com estranhos, recorreram, por sua vez, a um amigo que lhes emprestou a soma necessária para saldar as dívidas e recomprar as ações vendidas. Desta vez Antoine tinha ido longe demais. Um conselho de família resolveu afastá-lo dos cofres da fábrica Lumière. A partir daquele momento, o pai perdulário devia se contentar com uma mesada estipulada pelos quatro filhos. Na época, a indústria de Lyon nada tinha a ver com o pequeno galpão comprado às pressas, quando Louis inventou a placa seca. Uma fábrica de vidro, parte de uma indústria de produtos químicos, de papel e outros acessórios tinham sido incorporados ao patrimônio familiar. Mas o espírito empreendedor dos irmãos prodígio não tinha ofuscado seus dotes científicos.
Quando não encontravam à venda o material desejado para desenvolver uma nova placa ou emulsão, Auguste e Louis se trancavam durante dias em seu laboratório e de lá não saíam enquanto não inventassem o instrumento desejado. Foi numa destas ocasiões que Auguste começou a se interessar pela imagem em movimento. Na época, vários inventores se debruçavam sobre a questãoalguns tinham mesmo chegado a algum resultado. Principalmente o prolixo Thomas Edison. A partir de 1891, o americano apresentou ao público o kinetoscópio, no qual um filme de cerca de 15 metros permitia a um único espectador observar uma cena do tamanho de um cartão de visitas. Três anos depois, fabricava a máquina em série, convencido de que seu invento estava destinado a diversão individual.
"Eis aqui o que vocês deveriam fazer", bradou Antoine ao visitar o filho Louis na fábrica. Tirou do bolso uma fita de kinetoscópio que tinha ganho dos concessionários franceses do aparelho. "Edison vende isto a preço de ouro e os concessionários querem produzir fitas aqui mesmo, para tê-las a um preço mais acessível." Sem perda de tempo, Auguste passou a estudar um meio de captar imagens revelá-las e projetá-las num movimento semelhante ao da vida real. "Passei três meses pesquisando sem chegar a um resultado satisfatório", contou Auguste tempos depois. "Foi quando meu irmão, que tinha assistido às minhas experiências, pegou uma gripe que o deixou de cama por vários dias. Uma manhã, quando fui vê-lo, Louis me anunciou que, durante a sua insônia, teria achado a solução para o problema."
A grande questão era como dar a ilusão de movimento à fita de imagens fotográficas, sem deixar que o espectador percebesse o desenrolar da fita. "Devemos recorrer a um dispositivo que ataque a película em repouso, que a acelere e a retarde até sua imobilidade, quando projetaremos a imagem. Temos de repetir este ciclo quinze vezes por segundo", ordenou Louis. Para conseguir o movimento desejado, os irmãos recorreram a um engenho inspirado na máquina de costura, incrementado com um sistema de dentes que se encaixavam nas perfurações da película. Após filmar algumas tiras experimentais, Auguste e Louis organizaram, como era de prever, uma projeção familiar. Nessa época, o clã Lumière não cessava de aumentar. Louis, Auguste e os outros casais Lumière-Wincler tiveram mais de dez filhos.

A primeira cena em movimento apresentada ao público foi, sem dúvida, "A saída da fábrica". Num dia de sol inesperado, em 19 de março de 1895, Louis acionou a manivela. Oitocentas imagens em 50 segundos, que foram projetadas, três dias depois, numa conferência em Paris. A surpresa foi geral. Em seguida, os irmãos produziram "O Jardineiro", "Chegada de um trem à estação de la Ciotat" e várias outras cenas que seriam apresentadas no famoso Salão Indiano, do Boulevard des Capucines. A segunda sala de projeção do chamado cinematógrafo foi no número 1 da Rua de la République, em Lyon. Em muito pouco tempo, toda a França podia assistir a uma sessão do cinematógrafo. Sem perda de tempo, operadores das máquinas eram treinados na fábrica e depois enviados a dezenas de cidades no mundo inteiro: Europa, Ásia, Américas.
O sucesso foi imediato. Como era previsto, os irmãos Lumière não se contentaram com o título de inventores. Passaram a ser fabricantes de apareIhos, de películas, produtores e distribuidores de seus próprios filmes. Sem se darem conta, porém, da importância que o cinematógrafo tomaria, Auguste e Louis perderam o controle da empreitada. Por fim, venderam as salas a dois empresários mais poderosos e visionários: Messieurs Gaumont e Pathé. "Se eu soubesse até onde chegaria o cinema, talvez não o tivesse inventado", confessou Louis ao jornalista Sadoul. Para ele, como para o irmão, a máquina não passava de mais uma idéia nascida numa época propícia. Não foi por outro motivo que ambos voltaram aos laboratórios, às emulsões e às fotografias. Também se dedicaram à eletricidade, à acústica, ao automóvel. Auguste passou ainda a se interessar pela Medicina.
Embora não tivesse nenhum diploma, aprendeu a fazer diagnósticos, estudou e aprimorou fórmulas de vários medicamentos e tornou-se o chefe dos Hospícios da cidade de Paris. As festas em família animavam as noites de Lyon. já então com instrumentos musicais inventados por Louis, que chegou a chamar os amigos para um espetáculo particular. Atrás de uma cortina, tocava a mesma música com instrumentos tradicionais, das mais renomadas marcas, e com os de sua autoria. Cabia aos convidados distinguir estes daqueles fiando-se apenas nos ouvidos. Após inúmeros equívocos dos amigos, Louis abriu as cortinas: "Chega. Já sei o que queria saber". Louis Lumière morreu em 1948 aos 84 anos. Auguste, seis anos depois, com 92. "Cheguei ao fim do filme", disse poucos dias antes.

Para saber mais:
O impossível sob medida (SUPER número 3, ano 4)
A volta do filme 3-D
(SUPER número 7, ano 4)
Cinema digital
(SUPER número 4, ano 10)



Negócio de bom tamanho

Os irmãos Lumiére nada tinham do inventor caricato, que cria as coisas mais engenhosas sem saber para que servem. Todos os seus projetos tinham objetivos definidose um deles era ganhar dinheiro. Ainda assim, eles com certeza não tinham idéia do tamanho que viria a assumir o negócio em que estavam entrando como pioneiros. Cálculos da revista U.S. News & World Report indicam que este ano os americanos deixarão nas bilheterias das 20 000 salas de exibição do pais a fantástica cifra de 5 bilhões de dólares. Menos fácil de calcular é o rendimento da produção cinematográfica que vai para a televisão, as produtoras e locadoras de fitas de vídeo. Convém não esquecer, também, o cinema que se faz para outros propósitos que não a diversãofilmes educacionais, científicos, documentários etc.. 1

SET de Cinema: como funciona?

A cena mostra apenas um casal se beijando, mas, ao redor dos atores, há um exército de trabalhadores. A equipe que atua no set – o local em que se faz um filme – pode ser de poucas dezenas a algumas centenas de pessoas, dependendo do tamanho da produção. Um curta-metragem, por exemplo, não exige mais que 10 a 20 profissionais. Já uma superprodução como a trilogia O Senhor dos Anéis precisou de mais de 300 pessoas trabalhando nas cenas de batalha, sem contar o elenco. Fora as pessoas no set, há outras tantas que sequer põem o pé no estúdio, como o montador (o sujeito que transforma vários rolos de película no produto final), o compositor da trilha sonora e a equipe de efeitos especiais. No set, a coisa só funciona com uma rígida hierarquia: o operador de câmera, subordinado ao diretor de arte, nunca recebe ordens imediatas do diretor do filme – o chefe máximo do estúdio. É o diretor que, quando tudo e todos estão prontos para começar a filmar, dá o grito de guerra: "Luz, som, câmera, ação!" (o som, coitado, quase nunca é lembrado por quem não trabalha com cinema).

Núcleo de Direção
O diretor é o chefe geral do estúdio. Seus subordinados diretos são o assistente de direção, o elenco e o continuísta – sujeito que faz a marcação nos cortes para que, por exemplo, um personagem que usa óculos não apareça sem eles quando a filmagem for retomada

Núcleo de som
O engenheiro de som controla a captação dos diálogos, do som ambiente e de efeitos sonoros. Ele trabalha com um assistente e o microfonista, responsável pela instalação dos microfones de cena

Núcleo de arte
O diretor de arte é o responsável pelo visual do filme. Sob sua batuta, trabalham o assistente de direção de arte, maquiadores, figurinistas, o cenotécnico (responsável pela construção dos cenários) e o contra-regra (que zela pela conservação dos objetos de cena)

Núcleo de fotografia
Chefiado pelo diretor de fotografia, que determina o tipo de luz a ser usada, as lentes da câmera e a qualidade da película, entre outras coisas. Ele é assistido pelo operador de câmera e seus ajudantes. Neste núcleo, ainda trabalham os maquinistas (que operam gruas e outros aparelhos) e os eletricistas

Núcleo de produção
O diretor de produção é quem cuida da parte logística do filme: cronograma, negociação com fornecedores, contratação de pessoal. Com ele, trabalham alguns produtores e seus assistentes, que vão atrás de objetos que compõem o cenário, e até um produtor de alimentação para os trabalhadores do set. Também estão neste núcleo as equipes que fotografam e filmam o making of

Elenco
São as pessoas que aparecem no produto final: atores e figurantes

Cinema Digital Made in Brazil

Passados 100 anos da invenção do cinema, pelos irmãos Lumière, na França, o paulista Clóvis Vieira dava, em dezembro de 1995, os últimos toques no mouse para finalizar seu primeiro longa-metragem. O filme, que engoliu quatro anos de trabalho, é um pouco diferente de tudo o que se viu nas telas neste século. Ele não contou com atores, locações, cenários, câmeras e nem mesmo filme, quer dizer, foi feito sem película cinematográfica. Saiu inteirinho dos computadores. É o cinema digital ou, como prefere Vieira, virtual.
Cassiopeia vem logo depois de um grande sucesso americano. Toy Story, a superprodução da Disney que estreou em dezembro, faturou, de cara, mais de 200 milhões de dólares só nos Estados Unidos. Grande parte do êxito deveu-se ao fato de ter sido aclamado como "o primeiro filme todo feito em computador". Mas Vieira contesta a primazia dos estúdios Disney. Diz que o projeto de Cassiopeia é anterior e só não ficou pronto antes por falta de dinheiro. Foi feito em dezessete triviais computadores pessoais (PCs), enquanto a produção americana saiu de 117 estações de trabalho Sun, máquinas muito mais velozes. Se fosse produzido em PCs, o filme da Disney levaria 43 anos para ficar pronto. Até aí, tudo bem, são circunstâncias. Mas Vieira vai mais longe. Ele argumenta que, ao contrário do que se alardeou, Toy Story teve partes feitas fora do computador. Na construção dos personagens utilizaram-se modelos em argila e plástico.
Em Cassiopeia não, o que tornaria o Brasil "o pioneiro do cinema virtual pra valer", segundo o diretor.
Pode até ser. O mais importante, porém, é que o computador, até recentemente usado apenas para produzir efeitos especiais, deixa a condição de coadjuvante. É a mais nova estrela do cinema mundial.

Bloco de rabiscos vira filme
O primeiro programa de desenho para computador foi desenvolvido pela IBM e pela General Motors para projetar automóveis. O DAC-1, como foi chamado, só ficou pronto em 1964. Para todos os efeitos, essa é a data de nascimento da computação gráfica. No mesmo ano, o estudante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Ivan Sutherland criou o programa Sketchpad (algo como "bloco de rabiscos"). Com uma caneta ótica podia-se fazer desenhos na tela do computador, gravar esses desenhos e continuar trabalhando neles mais tarde. Foi uma revolução. Grandes empresas apostaram no novo campo e vários programas foram desenvolvidos. Muitos dos conceitos usados hoje na modelagem de objetos tridimensionais baseiam-se em soluções propostas pelo Sketchpad.
A computação gráfica conquistou rápido a indústria, a televisão e as agências de publicidade. A própria SUPER, em 1992, teve uma propaganda na TV feita em computadores pela produtora paulista Vetor Zero. Também foi fazendo publicidade que Clóvis Vieira começou a mexer com a nova técnica. Em 1990, teve a idéia de fazer um longa-metragem de animação trocando os métodos tradicionais pelo computador. Em 1992 já estava produzindo as primeiras seqüências, num vulgar PC 386 hoje chamado pela equipe de "vovô".
Para quem não sabe, Cassiopéia é uma constelação próxima de Andrômeda. No título do filme a palavra ficou sem acento, para facilitar a compreensão em países cujas línguas não usam acentuação. A história mostra quatro simpáticos seres, meio homens, meio robôs, que tentam salvar um pequeno planeta de invasores liderados pelo maligno Shadowseat. Para isso, contam com a ajuda do cientista Leonardo, personagem inspirado no gênio renascentista Leonardo da Vinci (1452-1519).

Cavernas e ilusões óticas
As primeiras seqüências de figuras desenhadas pelo homem de modo a produzir a sensação de movimento foram encontradas em cavernas pré-históricas. Mas os aparelhos de animação só surgiram no início do século XIX. Eram uns discos com várias imagens coladas que ao ser rodados davam a idéia mobilidade. O que possibilitou a criação desses engenhos foi a descoberta da persistência da visão, capacidade que o cérebro tem de reter uma imagem vista pelo olho por um instante a mais após ter deixado de ver tal imagem. Essa ilusão ótica é a base do cinema, nada mais que uma sucessão de fotos que, projetadas à velocidade de 24 quadros por segundo, aparentam estar se movendo.
O truque não muda no cinema digital. Em Cassiopeia, cada quadro é montado separadamente para depois ser animado. "Gastei uma média de 8 minutos por cena para terminar o filme em menos de quatro anos", conta Clóvis Vieira. Só depois ele transferiu as imagens para a película. Para isso usou, nos Estados Unidos, uma máquina especializada em ler a informação digital e gravá-la em filme. Processo que levou dois meses.
1 - 2 Um a um
O filme foi feito no programa gráfico Topas Animator, da empresa americana Crystal Graphics, o mais usado hoje em animação, pela simplicidade, eficiência e baixo preço. Todos os personagens e objetos foram desenhados um a um em três dimensões. Repare como a estante e todos os seus livros são figuras independentes e não um desenho chapado numa única face, como na animação tradicional.

3 - Partes móveis
Todos os personagens principais do filme são obra de Clóvis Vieira. Cada uma das partes (braços, dedos, olhos) de Chip (acima) foi modelada à parte. O humanóide compõe-se, portanto, de pedaços quase autônomos. Dessa forma, os animadores têm domínio completo de seus movimentos. Ele pode piscar um olho, apontar com um dos dedos ou sorrir, desde que lhe seja ordenado. É como um robô virtual. Século XIX Discos mágicos
Surgem os primeiros aparelhos de animação. Discos nos quais se colavam fotografias e quando rodados davam a impressão de movimento. Um deles, criado em 1893 pelo francês Georges Demeny, ficou conhecido como A Dançarina (foto). Junto com os flip-books, livrinhos com desenhos em sequência que quando folheados parecem se mexer, esses engenhos deram origem ao cinema e ao desenho animado.

1914
Popularização
Os mais antigos desenhos animados foram feitos pelo francês Emile Cohl e vistos por pouca gente. Mas os americanos aprenderam depressa, abriram estúdios e começaram a produzir os chamados cartoons em escala industrial. Um desses pioneiros dos EUA foi Winsor McCay que, entre outros desenhos, produziu o popular Gertie, o Dinossauro (foto), em 1914.

1928
Imagem e som
O cinema, até então mudo, ganha som com o filme O Cantor de Jazz. No mesmo ano surge um novo nome na indústria cinematográfica, Walt Disney, que produz o primeiro desenho animado sonorizado, Snowboat Willie. O filme fez muito sucesso e tornou conhecido o então violento e até hoje engraçado Mickey Mouse (foto). 1 - Animação realista
Os artistas construíram cada uma das situações movimentando os personagens passo a passo. Depois, as seqüências eram animadas, também no programa Topas Animator. Profissionais como Sérgio Esteves, especialista em teatro de bonecos, ajudaram a dar mais realismo ao filme.

2 - Câmera invisível
Olhe para a cena acima e compare com a anterior. Parece que o cenário de fundo se mexeu? Na realidade quem andou foram os personagens e a câmera, que se deslocou para a direita. Não uma câmera normal, mas uma virtual, que pode ser posicionada onde o animador quiser.

3 - Luzes, ação
A iluminação é importante na composição dos planos. Há vários tipos de luz. Ela pode tomar todo o ambiente de maneira uniforme ou ser distribuída em fachos posicionados à vontade, dando até a idéia de brilho solar, se for preciso. Repare como o spot focaliza as testas dos personagens acima.

Caça aos erros
Para saber se uma seqüência está boa, os programas têm um recurso que permite rodar a animação com os objetos ainda sem cores e texturas. Dessa forma, a cena é processada em menos tempo e fica mais fácil encontrar possíveis erros.

Três dimensões
Em qualquer cenário, cada componente é modelado separadamente. Até as imagens das telas que se vêm bem ao fundo na foto ao lado são formadas por partes tridimensionais (veja destaque), que podem ser movimentadas e posicionadas como o animador quiser. 1937
Primeiro longa
Clássico dos clássicos, Branca de Neve e os Sete Anões (foto) é lançado, estabelecendo um novo padrão de qualidade na história da animação. É um dos primeiros filmes coloridos e o primeiro longa-metragem de animação.

1982
Computação gráfica
Tron, ficção científica da Disney (foto), usa pela primeira vez a computação gráfica para efeitos especiais. Conta a história de um engenheiro que enfrenta inimigos no interior de um computador. Um bom filme mas que fracassou na bilheteria, talvez porque o público não estivesse preparado para sua modernidade.

1991
Cenários virtuais
Estréia A Bela e a Fera, grande sucesso da Disney no qual, poucos sabem, o computador trabalhou muito. Alguns personagens, como os talheres dançantes, e a maioria das paisagens vistas ao fundo (foto) foram feitos com a ajuda de bons chips.

1995
Brinquedos vivos
O mundo se espanta com Toy Story,dirigido pelo animador John Lesseter. Mais que a simpática história dos brinquedos que ganham alma, como o cowboy Woody ou o astronauta Buzz Lightyear (foto), o grande responsável pelo sucesso foi o anúncio de que esse era o "primeiro filme todo feito em computador".
Enquanto Toy Story estava sendo feito, o prédio da Pixar Animation Studios, empresa americana de animação por computadores que Steve Jobs, fundador da Apple, comprou em 1986 do diretor de cinema George Lucas, tinha um cômodo conhecido como "sala Sun". Nessa sala ficavam as 117 estações de trabalho da empresa americana Sun Microsystems (foto ao lado) usadas para fazer o filme. Eram computadores com dois a oito processadores, os cérebros eletrônicos da máquina. O poderoso equipamento trabalhou 24 horas por dia num total de 800 000 horas para produzir as imagens vistas no cinema.
Em Toy Story, a Pixar usou diversas técnicas e programas que, juntos, geraram imagens de qualidade inédita. Para cada pixel (ponto da imagem), os computadores realizaram cerca de 500 000 operações matemáticas. Em alguns casos, o detalhamento chega a parecer absurdo. Sabe-se que cada árvore mostrada no filme tem 10 000 folhas e que Sid, o menino malvado, tem 15 977 fios de cabelo. Mas de fato, como aponta Clóvis Vieira, nem tudo saiu do computador. Para construir os personagens, fizeram-se previamente moldes de argila, madeira e plástico. Só depois os bonecos foram passados para o computador, por meio de sensores de leitura ótica, para ganhar as cores e texturas definitivas (veja foto acima).

Breve História do Cinema

A história do cinema
Texto de Ingrid Tavares

Na Europa
A primeira sessão pública, organizada pelos irmãos Lumière em 1895, foi rápida e barata. Por 1 franco cada, 33 assentos foram ocupados por cerca de 20 minutos no subsolo de um café em Paris. Sete anos depois, com as trucagens do francês Georges Mèliés, o cinema virou arte. Confira os principais movimentos e diretores europeus.

1920
Expressionismo Alemão
Sombras, loucura e grotesco são os atores principais do cinema alemão. O movimento tenta representar o clima pós-guerra que toma conta do país e dura até a ascensão de Hitler, que proibiu as artes "degeneradas" e apostou no cinema-propaganda, afugentando grandes diretores do país. Filmes: Metrópolis (Fritz Lang), Nosferatu (F.W. Murnau), O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene).

Avant-Garde Francesa
Artistas das vanguardas plásticas trazem inovações às telas. Para não perder nenhum detalhe de grandes paisagens, o excêntrico Abel Gance coloca 3 câmeras lado a lado. Na hora da exibição, usa 3 projetores, inaugurando o formato de tela conhecido hoje. Filmes: O Cão Andaluz (Luis Buñuel e Salvador Dali), A Concha e o Clérigo (Germaine Dulac), Napoleão (Abel Gance).

Experimentalismo Soviético
A falta de película nas faculdades de Moscou leva estudantes de cinema a descobrir a montagem: usando vários pedaços de filmes famosos e a justaposição de imagens, criam uma nova obra. Influenciados pela Revolução Russa, fazem um cinema ideológico, sem perder o impacto visual. Filmes: O Encouraçado Potemkin (Sergei Eisenstein), Um Homem com uma Câmera (Dziga-Vertov).

1940
Neo-Realismo Italiano
Temas sociais, atores não-profissionais e gravações fora de estúdio. Por levar a realidade do pós-guerra ao cinema com custos tão baixos, os italianos se tornam referência e influenciam diversos diretores, entre eles, o brasileiro Glauber Rocha. Filmes: Ladrões de Bicicleta (Vittorio De Sica), Roma, Cidade Aberta (Roberto Rosselini), A Terra Treme (Luchino Visconti).

Década de 1950: Ingmar Bergman
Memória, psique e dores existenciais são temas tão presentes na sua filmografia, que acabaram se tornando personagens de sua obra.

Nouvelle Vague
Cansados dos mesmos filmes, críticos da conceituada revista francesa Cahiers du Cinema decidem colocar a mão na massa. Ou melhor, a câmera nos ombros. A nova onda usa a seu favor as dificuldades técnicas para contar histórias simples, criando um estilo único. Filmes: Acossado (Jean-Luc Godard), Os Incompreendidos (François Truffaut).

Década de 1980: Pedro Almodóvar
Com linguagem televisiva, beirando o folhetim, Almodóvar costura a sua filmografia de toques biográficos com o tema recorrente do desejo.

1990
Dogma 95
Quatro diretores dinamarqueses se reúnem e criam 10 regras para fazer um cinema puro, simples e sem gênero. Entre elas, ausência de trilha sonora, de luz artificial e de efeitos especiais. O chamado Manifesto Dogma reforça a idéia de que qualquer um pode fazer cinema e cria seguidores pelo mundo. Filmes: Festa de Família (Thomas Vintenberg), Os Idiotas (Lars Von Trier).

Nos EUA
Ironicamente, a milionária indústria cinematográfica americana foi fundada por produtores independentes. Em 1912, eles deixaram Nova Jersey para fugir da guerra judicial promovida por Thomas Edison, que detinha as patentes dos equipamentos de filmagem, e fundaram Hollywood. Confira a história da indústria de sonhos.

1910
Cinema Mudo
Fãs dos melodramas de Charles Dickens, os diretores D.W. Griffith e Charles Chaplin se tornam os nomes do cinema mudo americano. Inaugurando a linguagem clássica, o primeiro faz grandes filmes históricos. Já o segundo usa a comédia burlesca de um vagabundo. Filmes: O Nascimento de uma Nação (D.W. Griffith), Vagabundo (Charles Chaplin).

1930
Cinema de Gênero
Com o advento do cinema falado, os produtores decidem fazer do som o personagem principal do cinema. Musicais aparecem em massa e inauguram a época de ouro do cinema americano. Mas Hollywood não vive só de músicas. A ingenuidade das comédias românticas e as disputas de faroestes também preenchem as telas nessa década. Filmes: A Mulher Faz o Homem (Frank Capra), No Tempo das Diligências (John Ford), Picolino (Mark Sandrich).

Década de 1940: Orson Welles
Para irritar um desafeto, Welles faz sua estréia no cinema. A rusga rendeu à sétima arte um dos melhores filmes da história: Cidadão Kane.

1940
Noir
A violência e as regras da máfia são exploradas nesse gênero, que teve forte influência da literatura policial americana e da estética alemã dos anos 20. Por duas décadas, o Noir – negro, em francês – mostrou crimes e perigosas paixões. Filmes: À Beira do Abismo (Howard Hawks), Anatomia de um Crime (Otto Preminger), Casablanca (Michael Curtiz).

1950
Exploitation
Ao pé da letra, o termo quer dizer exploração. O gênero se refere aos chamados filmes B, feitos com pouca grana e sem méritos artísticos. Baseado em literatura barata e explorando sexo e sangue, o gênero é resgatado nos anos 70 e se populariza nos anos 90, com os filmes de Quentim Tarantino. Filmes: Glen ou Glenda, Plano 9 do Espaço Sideral (Ed Wood Jr.).

1970
Nova Geração
Capitaneados por Francis Ford Coppola e saídos da faculdade, os jovens Martin Scorcese, Brian De Palma, Steven Spielberg e George Lucas invadem Hollywood, trazendo muito lucro aos estúdios com filmes em que a violência e a rebeldia são a tônica. Filmes: O Poderoso Chefão I & II (Francis F. Coppola), Taxi Driver (Martin Scorcese), Tubarão (Steven Spielberg).

2000/1990/1980
Blockbusters
Efeitos especiais levam fantasia e imaginação de volta ao cinema. O resultado: bilheterias astronômicas, seqüências milionárias e o futuro da sétima arte. A tecnologia, cada vez mais presente nos equipamentos e nas telas, permite até driblar ataques de estrelismo, usando atores virtuais. Filmes: E.T. (Steven Spielberg), Titanic (James Cameron), a trilogia Senhor dos Anéis (Peter Jackson), as animações da Pixar.
Texto da Revista Super Interessante


http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_414188.shtml

Cinema: Parte 2

PRIMEIROS APARELHOS - Para captar e reproduzir a imagem do movimento, são construídos vários aparelhos baseados no fenômeno da persistência retiniana (fração de segundo em que a imagem permanece na retina), descoberto pelo inglês Peter Mark Roger, em 1826. A fotografia, desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce, e as pesquisas de captação e análise do movimento representam um avanço decisivo na direção do cinematógrafo.
Fenacistoscópio - O físico belga Joseph-Antoine Plateau é o primeiro a medir o tempo da persistência retiniana. Para que uma série de imagens fixas dêem a ilusão de movimento, é necessário que se sucedam à razão de dez por segundo. Em 1832, Plateau inventa um aparelho formado por um disco com várias figuras desenhadas em posições diferentes. Ao girar o disco, elas adquirem movimento. A idéia era apresentar uma rápida sucessão de desenhos de diferentes estágios de uma ação, criando a ilusão de que um único desenho se movimentava.
Praxinoscópio – Aparelho que projeta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, inventado pelo francês Émile Reynaud (1877). A princípio uma máquina primitiva, composta por uma caixa de biscoitos e um único espelho, o praxinoscópio é aperfeiçoado com um sistema complexo de espelhos que permite efeitos de relevo. A multiplicação das figuras desenhadas e a adaptação de uma lanterna de projeção possibilitam a realização de truques que dão a ilusão de movimento.
Fuzil fotográfico – Em 1878 o fisiologista francês Étienne-Jules Marey desenvolve o fuzil fotográfico: um tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfica circular. Seus estudos se baseiam na experiência desenvolvida, em 1872, pelo inglês Edward Muybridge, que decompõe o movimento do galope de um cavalo. Muybridge instala 24 máquinas fotográficas em intervalos regulares ao longo de uma pista de corrida e liga a cada máquina fios que atravessam a pista. Com a passagem do cavalo, os fios são rompidos, desencadeando o disparo sucessivo dos obturadores, que produzem 24 poses consecutivas.
Cronofotografia – Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o vôo dos pássaros levam Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da cronofotografia a fixação fotográfica de várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema.
Cinetoscópio – O norte-americano Thomas Alva Edison inventa o filme perfurado. E, em 1890, roda uma série de pequenos filmes em seu estúdio, o Black Maria, primeiro da história do cinema. Esses filmes não são projetados em uma tela, mas no interior de uma máquina, o cinetoscópio – também inventado por Edison um ano depois. Mas as imagens só podem ser vistas por um espectador de cada vez.
Cinematógrafo – A partir do aperfeiçoamento do cinetoscópio, os irmãos Auguste e Louis Lumière idealizam o cinematógrafo em 1895. O aparelho – uma espécie de ancestral da filmadora – é movido a manivela e utiliza negativos perfurados, substituindo a ação de várias máquinas fotográficas para registrar o movimento. O cinematógrafo torna possível, também, a projeção das imagens para o público. O nome do aparelho passou a identificar, em todas as línguas, a nova arte (ciné, cinema, kino etc.).
Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) nascem em Besançon, na França. Filhos de um fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890. Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo. Louis Lumière é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos. Seu irmão Auguste participa das primeiras descobertas, dedicando-se posteriormente à medicina.

Cinema: Parte 1

ORIGEM - Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema. Experiências posteriores como a câmara escura e a lanterna mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.
Jogos de sombras – Surge na China, por volta de 5.000 a.C. É a projeção, sobre paredes ou telas de linho, de figuras humanas, animais ou objetos recortados e manipulados. O operador narra a ação, quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões.
Câmara escura – Seu princípio é enunciado por Leonardo da Vinci, no século XV. O invento é desenvolvido pelo físico napolitano Giambattista Della Porta, no século XVI, que projeta uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa.
Lanterna mágica – Criada pelo alemão Athanasius Kirchner, na metade do século XVII, baseia-se no processo inverso da câmara escura. É composta por uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que projeta as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro.