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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Priscila Fantin estréia no cinema com Orquestra de Meninos

Priscila Fantin, 25 anos, faz sua estréia no cinema em Orquestra dos Meninos, de Paulo Thiago. Em encontro com a imprensa nesta terça-feira, em São Paulo, para divulgar o filme, a atriz citou o sotaque como seu maior desafio na interpretação da nordestina Creuza.
"Realmente o sotaque foi um desafio. Tive que neutralizar o meu sotaque quando comecei a carreira de atriz, aos 16 anos. Tive aulas de como deveria falar no filme e acho que cheguei um pouquinho do que deveria ser", diz Priscila.
Já para o experiente Murilo Rosa, 38, que atuou sete produções cinematográficas, o sotaque não foi uma preocupação. "Confesso que não pensei nisso. Eu não costumo valorizar o sotaque quando começo um trabalho, senão ele se sobressai. Já tinha feito uma novela e uma peça com sotaque nordestino. E também já fiz um gaúcho em A Casa das sete Mulheres e o Dinho de América, que era um peão meio mineiro meio do interior de São Paulo", conta o ator, que interpreta o maestro Mozart Vieira no filme.
Para Rosa, sua prioridade foi se familiarizar com a música clássica. "Sempre fui apaixonado por música. Talvez se não fosse ator seria músico. Minha preocupação era que a parte da música fosse muito verdadeira no filme. Tentei fazer o melhor", explica ele, que no filme toca violão, flauta e rege a orquestra.
Priscila Fantin vive Creuza no longa-metragem, hoje casada com Mozart Vieira. Na vida real eles se conheceram quando o rapaz passou a ensinar música para as crianças que trabalhavam no campo. Ela fez parte da orquestra e decidiu tocar fagote assim que conheceu os instrumentos de música clássica.
Para viver a personagem, Priscila teve aula de fagote por dois meses. "É claro que não dá para aprender a tocar, talvez só um pouquinho de Asa Branca, mas te dá uma noção", conta.
Orquestra dos Meninos chega aos cinemas no próximo dia 7.

Rodrigo Santoro prestigia estréia de filmes nos USA

Rodrigo Santoro foi à estréia americana do filme Max Payne, no teatro chinês em Los Angeles nos Estados Unidos, nesta segunda-feira.

A protagonista do filme, Mila Kunis, também foi destaque no evento. Ela chamou atenção com um ousado decote. Mark Wahlberg, ator principal do filme, era um dos comandantes do evento.

A cantora Nelly Furtado também estava na estréia. Ela fez uma participação no longa. Chris O'Donell, Jennifer Morrison, Ludacris, Amaury Nolasco e Beau Bridges completavam a lista de famosos.

O filme é baseado em um jogo de tiro de mesmo nome do filme. O enredo fala sobre um policial que perdeu a família, depois disso, busca vingança.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Viagem ao Centro da Terra: dicas de cinema

Livre de múmias, mas não de aventuras, Brendan Fraser está chegando em um novo filme:



Viagem ao Centro da Terra - O Filme
(Journey to the Center of the Earth 3D, 2008)

SINOPSE:

"Como seria viajar ao centro da Terra? O que você descobriria lá? Nesta roupagem moderna para o clássico de Julio Verne, os espectadores encontrarão entretenimento garantido para todas as idades. Trevor (Brendan Fraser, de A Múmia) e seu irmão Max formavam um time campeão de geólogos, até que Max desapareceu sem deixar vestígios em uma pesquisa na Islândia há dez anos. Trevor nunca mais foi o mesmo, assim como seu sobrinho Sean (Josh Hutcherson), agora um problemático e rebelde garoto de 13 anos. Quando surge a oportunidade para visitar o topo da montanha na qual Max desapareceu, Trevor aceita, esperando saber mais sobre o destino de Max. Mas como terá que tomar conta de Sean durante o verão, nosso herói não tem escolha a não ser levá-lo junto. Ao lado da bela guia Hannah (Anita Briem), eles acabam presos em uma caverna por conta de uma tempestade elétrica e embarcam para a mais inacreditável aventura de suas vidas. Apenas uma coisa é certa: quando você está a 6.000 quilômetros abaixo da superfície, tudo pode acontecer!" (FONTE: PlayArte)





Esta super produção foi feita totalmente em 3D e será apresentado nas telonas brasileiras nessa versão, tudo isso para provocar mais emoção e garantir o realismo das cenas.

Noites de Tormenta: confira este lançamento

Richard Gere e Diane Lane estão novamente juntos, agora no filme "Noites de Tormenta" (Night in Rodanthe, 2008), que estréia no país nesta sexta-feira.



SINOPSE:

"No drama romântico "Noites de Tormenta", baseado no romance best-seller de Nicholas Sparks, Diane Lane ("Sob o Sol de Toscana") estrela o papel de Adrienne Willis, uma mulher cuja vida está um caos. Ela busca refúgio em Rodanthe, pequena cidade litorânea na Carolina do Norte, indo passar um fim de semana na pousada de uma amiga. Ali ela espera encontrar a tranqüilidade de que precisa desesperadamente para refletir sobre os conflitos que a angustiam: seu volúvel marido pediu para voltar para casa, e sua filha adolescente critica todas as suas decisões. Pouco depois de Adrienne chegar a Rodanthe, ouve-se a previsão de uma grande tempestade, e o Dr. Paul Flanner (Richard Gere, de "Dr. T e as Mulheres") chega à cidade. Único hóspede da pousada, Flanner não está atrás de um final de semana de descanso, e sim enfrentando uma crise de consciência. Agora, com a tempestade se aproximando, eles procuram consolo um no outro e, em um final de semana mágico, iniciam um romance que trará mudanças profundas para ambos, repercutindo pelo resto de suas vidas". (FONTE: Warner Bros.)

Richard Gere e Diane Lane em "Noites de Tormenta"

Richard e Diane já atuaram juntos nos filmes Cotton Club (The Cotton Club, 1985), e Infidelidade (Unfaithful, 2002)
.

O ator comentou no lançamento do filme, que ele e Diane não passam muito tempo juntos fora do set de filmagens, mas quando se encontram parecem velhos amigos que trocam idéias sobre a vida e a carreira.

O roteiro de Noites de Tormenta foi escrito por Ann Peacock e John Romano. A direção é de George C. Wolfe.

Mamma Mia: o Filme - um musical para ser assistido

Saudades de assistir à um maravilhoso filme musical?

Então não perca tempo, corra aos cinemas e assista: MAMMA MIA!



Mamma Mia! já vale o ingresso só por ter Meryl Streep no elenco. Quer mais? Tem o elegante "sempre James Bond", Pierce Brosnan, e o talentoso Colin Firth.

Sinopse:

"1999, na ilha grega de Kalokairi. Sophie (Amanda Seyfried) está prestes a se casar e, sem saber quem é seu pai, envia convites para Sam Carmichael (Pierce Brosnan), Harry Bright (Colin Firth) e Bill Anderson (Stellan Skarsgard). Eles vêm de diferentes partes do mundo, dispostos a reencontrar a mulher de suas vidas: Donna (Meryl Streep), mãe de Sophie. Ao chegarem Donna é surpreendida, tendo que inventar desculpas para não revelar quem é o pai de Sophie". (FONTE: Universal Filmes)

Nem preciso dizer que o filme é maravilhoso e nos emociona a cada minuto que passa. Um show de interpretações!

Meryl Streep e Pierce Brosnan

E a fotografia do filme é um espetáculo à parte!



Belíssima!!

Realmente, o filme é uma divertida história e um musical primoroso!!

A direção ficou por conta da diretora de teatro e ópera Phyllida Lloid e o roteiro foi escrito pela teatróloga Catherine Johnson, portanto, já dá para imaginar como é o filme, pois foi feito por quem entende de musicais!!

Esse é um filme para ser assistido e por que não ser aplaudido de pé?

Não perca, assista e se divirta! VALE A PENA!!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Irmãos Lumière: Luz,Camera, Ação

Irmãos Lumière: Luzes, câmera, ação
Perfil dos irmãos Lumière; entre as inúmeras invenções que levam sua assinatura, a mais espetacular foi o cinematógrafo.
Entre as inúmeras invenções que levam sua assinatura, a mais espetacular foi, sem dúvida, o cinematógrafo. Naquele final do século XIX, eles nem sequer imaginavam que a máquina que criaram se transformaria num instrumento de fazer arte e também muito dinheiro.

Por Gisela Heymann, de Paris

Quem passou pelo Boulevard des Capucines, no centro de Paris, no final dos idos de 1895, não pôde deixar de notar uma enorme fila que se estendia por centenas de metros. Agasalhados contra um rigoroso inverno, homens, mulheres e crianças esperavam a vez para entrar na pequena sala do subsolo do Grand Café, pomposamente batizada de Salão Indiano, no número 14 daquela avenida. Uma vez instalados nas 100 cadeiras dispostas diante de um grande pedaço de pano branco, assistiam a um fantástico espetáculo de luzes e movimentos. Em certo momento, um trem avançava em direção à platéia, para depois desaparecer num canto da tela. Pouco depois, podia-se observar a saída dos operários, na pausa do almoço, da fábrica Lumière, instalada em Lyon.
A sessão durava vinte minutos e custava 1 franco por pessoa. Os que puderam participar destes momentos certamente não se arrependeram do tempo gasto ou da despesa extra. "Esta foi a mais fácil invenção de minha vida", dizia Louis Lumière, décadas depois, quando o cinema já tinha se transformado em arte e em negócio milionário. Auguste e Louis foram os dois primeiros filhos de um casal humilde: Antoine, pintor de letreiros, e Jeanne-Joséphine, lavadeira. Logo após o casamento, em 1859, os dois perambularam por Lyon Paris e Besançon onde Antoine resolveu mudar de profissão. Segundo ele, a pintura não tinha futuro. Melhor seguir a moda e tentar o ramo da fotografia. Após alguns meses de aprendizado num estúdio fotográfico, Antoine montou seu próprio negócio.
Cinco anos mais tarde, a família voltou para Lyondesta vez definitivamente. Instalado na Rua de la Barre, a principal da cidade, o patriarca, também conhecido por sua bela voz, pelo fervoroso nacionalismo e por um obstinado anticlaricalismo, não precisava correr atrás de clientela. Quatro mil automóveis, 5 000 charretes, 500 cavaleiros e mais de 40 000 pedestres passavam, por dia, em frente à sua porta. Nos anos seguintes, outros dois filhos vieram aumentar a família e, não fosse pela mania de gastar sempre um pouco mais do que ganhava, Antoine Lumière poderia se considerar um próspero comerciantenos dias de movimento, chegava a tirar até 200 retratos. Auguste e Louis trilharam os passos do pai. Durante sua primeira viagem de férias, os dois irmãos seguiram para a Bretanha, no noroeste da França, acompanhados de um professor de Matemática, Marius Pradel
O passatempo não poderia ser outro: depois de fotografar tudo o que viam, corriam para uma gruta que, na maré baixa, lhes servia como quarto escuro para revelação. Foi nesta caverna, chamada de Goule-aux-Fées, que Auguste e Louis juraram trabalhar juntos por toda a vida. Os dois estudaram no colégio La Martinière, mas atacado por inexplicadas crises de dor de cabeça, Auguste não pôde prestar os exames para a faculdade. Louis, que sofria do mesmo mal, nem sequer tirou o diploma oficial da escola, embora tenha colecionado primeiros lugares em Desenho, Matemática e Química durante os dois anos de curso. Nas horas vagas, ambos ajudavam o pai, que chegou a apresentar suas mais belas fotos na Exposição de Paris em 1878
Foi na mesma ocasião que o arrebatado Antoine decidiu encomendar uma iluminação elétrica para seu estúdio novidade que causou furor aos espectadores do evento. Convencido de que o jogo de luzes do inventor alemão Van der Weyder incrementaria seu negócio, o pai Lumière fez apenas uma exigência: ser o único a possuir o engenho na região. Ele não contava, porém, com outro empecilho: ainda não existia distribuição de eletricidade na Lyon de 1879. Antes de se dar por vencidoatitude pouco comum na família-, Antoine instalou na cave uma pequena central a gás ligada a uma outra máquina encarregada de alimentar em corrente continua as tais lâmpadas elétricas.
Foi a primeira de uma série de soluções que seriam manchete de jornal ainda por várias décadas. No famoso século das invenções, aperfeiçoar, desenvolver e até improvisar eram qualidades indispensáveis. Auguste e Louis herdaram-nas em quantidade mais que suficiente. Antoine, seus filhos e até Madame Jeanne-Joséphine dominavam bem a complexa técnica fotográfica daqueles tempos: as placas chamadas de colódio úmido tinham de ser emulsionadas uma a uma, num quarto escuro, antes da exposição e reveladas instantes depois. Para as fotos de exterior, uma câmara escura fazia parte dos apetrechos do profissional. No entanto, a invenção e o aperfeiçoamento das placas secas, sensibilizadas de antemão, prontas para o uso e que podiam ser conservadas e reveladas muito tempo depois seriam a grande revolução da época. O patriarca Lumière não deixaria passar mais essa novidade. Muniuse de revistas especializadas, em que as novas fórmulas foram publicadas e pôsse a fabricar suas próprias placas.

Sua histórica impaciência banhada de um parco conhecimento de Química foram responsáveis pelo fracasso, embora o fotógrafo nunca tenha deixado de acusar os inventores de divulgar fórmulas falsas. Exausto pelas tentativas infrutíferas, Antoine seguiu para a fazenda de um amigo em busca de calma. Durante o repouso no campo, Auguste e Lonis resolveram retomar as experiências do pai. Ao contrário deste, os dois irmãos eram minuciosos ao extremo: anotavam cada resultado, cada nova técnica e mudavam apenas um parâmetro por vez. Ao voltar, Antoine surpreendeu os filhos num infatigável trajeto de ida e volta à farmácia mais próxima, único local onde havia uma balança de precisão.
Em 1881, Auguste, contrariado, partiu para cumprir o serviço militar. Pouco depois, Lonis chegou à fórmula final. Animado com a possibilidade de se tornar o único fabricante de placas secas da região, Antoine não tardou a procurar um galpão que lhe servisse de estúdio. A jornada de trabalho tornou-se ainda mais dura que de hábito. Louis, então com 17 anos, sua irmã Jeanne, de apenas 11, e a mãe, cumpriam quinze horas por dia, enquanto Antoine mantinha o estúdio em plena atividade. Mil e quatrocentas placas eram produzidas por diaquantidade ainda insuficiente para cobrir as dividas contraídas pelo fotógrafo otimista. Embalado pelo sonho da fortuna rápida, Antoine Lumière comprou equipamentos e gastou muito mais do que podia, antes de esperar, impacientemente, como de costume, a volta do filho mais velho. "Estamos arruinados", anunciou.
Para o jovem Auguste e seu irmão, porém, nem tudo estava perdido. Armados de uma seriedade fora do comum, reuniram os cobradores, conseguiram moratória e até algum crédito extra para pagar a alguns incrédulos. Venderam o estúdio, contrataram operários e em pouco tempo tinham reerguido, pela primeira vez, o que o pai tinha destruído. Os dois resolveram voltar ao laboratóriodesta vez empenhados em inventar uma placa mais rápida que necessitasse de apenas alguns segundos de exposição. A "etiqueta azul", que recebeu este nome por conta do rótulo da embalagem, foi vendida por nada menos de sessenta anos. Auguste e Lonis tornaram-se respeitados empresários de Lyon. Em cinco anos, o que passou a ser a Sociedade Anônima Lumière e Filhos cresceu de forma espantosa. O volume de negócios, que em 1886 era de 295 000 francos, pulou para 1,253 milhão. A família vivia, enfim, confortavelmente.
Antoine promovia jantares, festas e jogos. Eram de fato poucas as noites sem movimento na casa dos ilustres franceses. Principalmente depois que a família Wincler, de origem alsaciana, se instalou nas redondezas. O pai, Alphonse, cervejeiro de profissão, havia comprado a Grande Brasserie, na Avenida de la Croix-Rousse. Antoine e Alphonse chegaram a construir um túmulo comum no cemitério de la Guillotière. Eles não eram os únicos a alimentar projetos coletivos. Em 1893 Auguste Lumière casou-se com Margueritte Wincler; Jules Wincler com Juliette Lumière; Louis Lumière com Rose Wincler e enfim Charles Wincler com France Lumière. A partir daí, nenhuma refeição contava com menos de dez pessoas à mesa.
As noites acabavam em música, o que não impedia os irmãos de acordar todos os dias às 4 da manhãhábito que os acompanhou até a velhice. Auguste e Louis se encontravam desde cedo para discutir os mais diversos assuntosda administração da fábrica, quando jovens, ao futuro do cinema, anos depois. "Meu pai era um poeta. Assim que ganhava algum dinheiro, gastava-o com a mesma rapidez", disse Lonis em sua última entrevista ao jornalista francês Georges Sadoul, autor de uma famosa história do cinema mundial. Ele se referia, sem dúvida, à segunda vez que Antoine recorreu aos filhos, ao confessar que tinha vendido suas ações da fábrica, além de ter feito empréstimos de 1,5 milhão de francos por conta de sua nova mania: construir casas. Como Auguste e Louis não suportavam a idéia de dividir seu negócio com estranhos, recorreram, por sua vez, a um amigo que lhes emprestou a soma necessária para saldar as dívidas e recomprar as ações vendidas. Desta vez Antoine tinha ido longe demais. Um conselho de família resolveu afastá-lo dos cofres da fábrica Lumière. A partir daquele momento, o pai perdulário devia se contentar com uma mesada estipulada pelos quatro filhos. Na época, a indústria de Lyon nada tinha a ver com o pequeno galpão comprado às pressas, quando Louis inventou a placa seca. Uma fábrica de vidro, parte de uma indústria de produtos químicos, de papel e outros acessórios tinham sido incorporados ao patrimônio familiar. Mas o espírito empreendedor dos irmãos prodígio não tinha ofuscado seus dotes científicos.
Quando não encontravam à venda o material desejado para desenvolver uma nova placa ou emulsão, Auguste e Louis se trancavam durante dias em seu laboratório e de lá não saíam enquanto não inventassem o instrumento desejado. Foi numa destas ocasiões que Auguste começou a se interessar pela imagem em movimento. Na época, vários inventores se debruçavam sobre a questãoalguns tinham mesmo chegado a algum resultado. Principalmente o prolixo Thomas Edison. A partir de 1891, o americano apresentou ao público o kinetoscópio, no qual um filme de cerca de 15 metros permitia a um único espectador observar uma cena do tamanho de um cartão de visitas. Três anos depois, fabricava a máquina em série, convencido de que seu invento estava destinado a diversão individual.
"Eis aqui o que vocês deveriam fazer", bradou Antoine ao visitar o filho Louis na fábrica. Tirou do bolso uma fita de kinetoscópio que tinha ganho dos concessionários franceses do aparelho. "Edison vende isto a preço de ouro e os concessionários querem produzir fitas aqui mesmo, para tê-las a um preço mais acessível." Sem perda de tempo, Auguste passou a estudar um meio de captar imagens revelá-las e projetá-las num movimento semelhante ao da vida real. "Passei três meses pesquisando sem chegar a um resultado satisfatório", contou Auguste tempos depois. "Foi quando meu irmão, que tinha assistido às minhas experiências, pegou uma gripe que o deixou de cama por vários dias. Uma manhã, quando fui vê-lo, Louis me anunciou que, durante a sua insônia, teria achado a solução para o problema."
A grande questão era como dar a ilusão de movimento à fita de imagens fotográficas, sem deixar que o espectador percebesse o desenrolar da fita. "Devemos recorrer a um dispositivo que ataque a película em repouso, que a acelere e a retarde até sua imobilidade, quando projetaremos a imagem. Temos de repetir este ciclo quinze vezes por segundo", ordenou Louis. Para conseguir o movimento desejado, os irmãos recorreram a um engenho inspirado na máquina de costura, incrementado com um sistema de dentes que se encaixavam nas perfurações da película. Após filmar algumas tiras experimentais, Auguste e Louis organizaram, como era de prever, uma projeção familiar. Nessa época, o clã Lumière não cessava de aumentar. Louis, Auguste e os outros casais Lumière-Wincler tiveram mais de dez filhos.

A primeira cena em movimento apresentada ao público foi, sem dúvida, "A saída da fábrica". Num dia de sol inesperado, em 19 de março de 1895, Louis acionou a manivela. Oitocentas imagens em 50 segundos, que foram projetadas, três dias depois, numa conferência em Paris. A surpresa foi geral. Em seguida, os irmãos produziram "O Jardineiro", "Chegada de um trem à estação de la Ciotat" e várias outras cenas que seriam apresentadas no famoso Salão Indiano, do Boulevard des Capucines. A segunda sala de projeção do chamado cinematógrafo foi no número 1 da Rua de la République, em Lyon. Em muito pouco tempo, toda a França podia assistir a uma sessão do cinematógrafo. Sem perda de tempo, operadores das máquinas eram treinados na fábrica e depois enviados a dezenas de cidades no mundo inteiro: Europa, Ásia, Américas.
O sucesso foi imediato. Como era previsto, os irmãos Lumière não se contentaram com o título de inventores. Passaram a ser fabricantes de apareIhos, de películas, produtores e distribuidores de seus próprios filmes. Sem se darem conta, porém, da importância que o cinematógrafo tomaria, Auguste e Louis perderam o controle da empreitada. Por fim, venderam as salas a dois empresários mais poderosos e visionários: Messieurs Gaumont e Pathé. "Se eu soubesse até onde chegaria o cinema, talvez não o tivesse inventado", confessou Louis ao jornalista Sadoul. Para ele, como para o irmão, a máquina não passava de mais uma idéia nascida numa época propícia. Não foi por outro motivo que ambos voltaram aos laboratórios, às emulsões e às fotografias. Também se dedicaram à eletricidade, à acústica, ao automóvel. Auguste passou ainda a se interessar pela Medicina.
Embora não tivesse nenhum diploma, aprendeu a fazer diagnósticos, estudou e aprimorou fórmulas de vários medicamentos e tornou-se o chefe dos Hospícios da cidade de Paris. As festas em família animavam as noites de Lyon. já então com instrumentos musicais inventados por Louis, que chegou a chamar os amigos para um espetáculo particular. Atrás de uma cortina, tocava a mesma música com instrumentos tradicionais, das mais renomadas marcas, e com os de sua autoria. Cabia aos convidados distinguir estes daqueles fiando-se apenas nos ouvidos. Após inúmeros equívocos dos amigos, Louis abriu as cortinas: "Chega. Já sei o que queria saber". Louis Lumière morreu em 1948 aos 84 anos. Auguste, seis anos depois, com 92. "Cheguei ao fim do filme", disse poucos dias antes.

Para saber mais:
O impossível sob medida (SUPER número 3, ano 4)
A volta do filme 3-D
(SUPER número 7, ano 4)
Cinema digital
(SUPER número 4, ano 10)



Negócio de bom tamanho

Os irmãos Lumiére nada tinham do inventor caricato, que cria as coisas mais engenhosas sem saber para que servem. Todos os seus projetos tinham objetivos definidose um deles era ganhar dinheiro. Ainda assim, eles com certeza não tinham idéia do tamanho que viria a assumir o negócio em que estavam entrando como pioneiros. Cálculos da revista U.S. News & World Report indicam que este ano os americanos deixarão nas bilheterias das 20 000 salas de exibição do pais a fantástica cifra de 5 bilhões de dólares. Menos fácil de calcular é o rendimento da produção cinematográfica que vai para a televisão, as produtoras e locadoras de fitas de vídeo. Convém não esquecer, também, o cinema que se faz para outros propósitos que não a diversãofilmes educacionais, científicos, documentários etc.. 1

SET de Cinema: como funciona?

A cena mostra apenas um casal se beijando, mas, ao redor dos atores, há um exército de trabalhadores. A equipe que atua no set – o local em que se faz um filme – pode ser de poucas dezenas a algumas centenas de pessoas, dependendo do tamanho da produção. Um curta-metragem, por exemplo, não exige mais que 10 a 20 profissionais. Já uma superprodução como a trilogia O Senhor dos Anéis precisou de mais de 300 pessoas trabalhando nas cenas de batalha, sem contar o elenco. Fora as pessoas no set, há outras tantas que sequer põem o pé no estúdio, como o montador (o sujeito que transforma vários rolos de película no produto final), o compositor da trilha sonora e a equipe de efeitos especiais. No set, a coisa só funciona com uma rígida hierarquia: o operador de câmera, subordinado ao diretor de arte, nunca recebe ordens imediatas do diretor do filme – o chefe máximo do estúdio. É o diretor que, quando tudo e todos estão prontos para começar a filmar, dá o grito de guerra: "Luz, som, câmera, ação!" (o som, coitado, quase nunca é lembrado por quem não trabalha com cinema).

Núcleo de Direção
O diretor é o chefe geral do estúdio. Seus subordinados diretos são o assistente de direção, o elenco e o continuísta – sujeito que faz a marcação nos cortes para que, por exemplo, um personagem que usa óculos não apareça sem eles quando a filmagem for retomada

Núcleo de som
O engenheiro de som controla a captação dos diálogos, do som ambiente e de efeitos sonoros. Ele trabalha com um assistente e o microfonista, responsável pela instalação dos microfones de cena

Núcleo de arte
O diretor de arte é o responsável pelo visual do filme. Sob sua batuta, trabalham o assistente de direção de arte, maquiadores, figurinistas, o cenotécnico (responsável pela construção dos cenários) e o contra-regra (que zela pela conservação dos objetos de cena)

Núcleo de fotografia
Chefiado pelo diretor de fotografia, que determina o tipo de luz a ser usada, as lentes da câmera e a qualidade da película, entre outras coisas. Ele é assistido pelo operador de câmera e seus ajudantes. Neste núcleo, ainda trabalham os maquinistas (que operam gruas e outros aparelhos) e os eletricistas

Núcleo de produção
O diretor de produção é quem cuida da parte logística do filme: cronograma, negociação com fornecedores, contratação de pessoal. Com ele, trabalham alguns produtores e seus assistentes, que vão atrás de objetos que compõem o cenário, e até um produtor de alimentação para os trabalhadores do set. Também estão neste núcleo as equipes que fotografam e filmam o making of

Elenco
São as pessoas que aparecem no produto final: atores e figurantes

Cinema Digital Made in Brazil

Passados 100 anos da invenção do cinema, pelos irmãos Lumière, na França, o paulista Clóvis Vieira dava, em dezembro de 1995, os últimos toques no mouse para finalizar seu primeiro longa-metragem. O filme, que engoliu quatro anos de trabalho, é um pouco diferente de tudo o que se viu nas telas neste século. Ele não contou com atores, locações, cenários, câmeras e nem mesmo filme, quer dizer, foi feito sem película cinematográfica. Saiu inteirinho dos computadores. É o cinema digital ou, como prefere Vieira, virtual.
Cassiopeia vem logo depois de um grande sucesso americano. Toy Story, a superprodução da Disney que estreou em dezembro, faturou, de cara, mais de 200 milhões de dólares só nos Estados Unidos. Grande parte do êxito deveu-se ao fato de ter sido aclamado como "o primeiro filme todo feito em computador". Mas Vieira contesta a primazia dos estúdios Disney. Diz que o projeto de Cassiopeia é anterior e só não ficou pronto antes por falta de dinheiro. Foi feito em dezessete triviais computadores pessoais (PCs), enquanto a produção americana saiu de 117 estações de trabalho Sun, máquinas muito mais velozes. Se fosse produzido em PCs, o filme da Disney levaria 43 anos para ficar pronto. Até aí, tudo bem, são circunstâncias. Mas Vieira vai mais longe. Ele argumenta que, ao contrário do que se alardeou, Toy Story teve partes feitas fora do computador. Na construção dos personagens utilizaram-se modelos em argila e plástico.
Em Cassiopeia não, o que tornaria o Brasil "o pioneiro do cinema virtual pra valer", segundo o diretor.
Pode até ser. O mais importante, porém, é que o computador, até recentemente usado apenas para produzir efeitos especiais, deixa a condição de coadjuvante. É a mais nova estrela do cinema mundial.

Bloco de rabiscos vira filme
O primeiro programa de desenho para computador foi desenvolvido pela IBM e pela General Motors para projetar automóveis. O DAC-1, como foi chamado, só ficou pronto em 1964. Para todos os efeitos, essa é a data de nascimento da computação gráfica. No mesmo ano, o estudante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Ivan Sutherland criou o programa Sketchpad (algo como "bloco de rabiscos"). Com uma caneta ótica podia-se fazer desenhos na tela do computador, gravar esses desenhos e continuar trabalhando neles mais tarde. Foi uma revolução. Grandes empresas apostaram no novo campo e vários programas foram desenvolvidos. Muitos dos conceitos usados hoje na modelagem de objetos tridimensionais baseiam-se em soluções propostas pelo Sketchpad.
A computação gráfica conquistou rápido a indústria, a televisão e as agências de publicidade. A própria SUPER, em 1992, teve uma propaganda na TV feita em computadores pela produtora paulista Vetor Zero. Também foi fazendo publicidade que Clóvis Vieira começou a mexer com a nova técnica. Em 1990, teve a idéia de fazer um longa-metragem de animação trocando os métodos tradicionais pelo computador. Em 1992 já estava produzindo as primeiras seqüências, num vulgar PC 386 hoje chamado pela equipe de "vovô".
Para quem não sabe, Cassiopéia é uma constelação próxima de Andrômeda. No título do filme a palavra ficou sem acento, para facilitar a compreensão em países cujas línguas não usam acentuação. A história mostra quatro simpáticos seres, meio homens, meio robôs, que tentam salvar um pequeno planeta de invasores liderados pelo maligno Shadowseat. Para isso, contam com a ajuda do cientista Leonardo, personagem inspirado no gênio renascentista Leonardo da Vinci (1452-1519).

Cavernas e ilusões óticas
As primeiras seqüências de figuras desenhadas pelo homem de modo a produzir a sensação de movimento foram encontradas em cavernas pré-históricas. Mas os aparelhos de animação só surgiram no início do século XIX. Eram uns discos com várias imagens coladas que ao ser rodados davam a idéia mobilidade. O que possibilitou a criação desses engenhos foi a descoberta da persistência da visão, capacidade que o cérebro tem de reter uma imagem vista pelo olho por um instante a mais após ter deixado de ver tal imagem. Essa ilusão ótica é a base do cinema, nada mais que uma sucessão de fotos que, projetadas à velocidade de 24 quadros por segundo, aparentam estar se movendo.
O truque não muda no cinema digital. Em Cassiopeia, cada quadro é montado separadamente para depois ser animado. "Gastei uma média de 8 minutos por cena para terminar o filme em menos de quatro anos", conta Clóvis Vieira. Só depois ele transferiu as imagens para a película. Para isso usou, nos Estados Unidos, uma máquina especializada em ler a informação digital e gravá-la em filme. Processo que levou dois meses.
1 - 2 Um a um
O filme foi feito no programa gráfico Topas Animator, da empresa americana Crystal Graphics, o mais usado hoje em animação, pela simplicidade, eficiência e baixo preço. Todos os personagens e objetos foram desenhados um a um em três dimensões. Repare como a estante e todos os seus livros são figuras independentes e não um desenho chapado numa única face, como na animação tradicional.

3 - Partes móveis
Todos os personagens principais do filme são obra de Clóvis Vieira. Cada uma das partes (braços, dedos, olhos) de Chip (acima) foi modelada à parte. O humanóide compõe-se, portanto, de pedaços quase autônomos. Dessa forma, os animadores têm domínio completo de seus movimentos. Ele pode piscar um olho, apontar com um dos dedos ou sorrir, desde que lhe seja ordenado. É como um robô virtual. Século XIX Discos mágicos
Surgem os primeiros aparelhos de animação. Discos nos quais se colavam fotografias e quando rodados davam a impressão de movimento. Um deles, criado em 1893 pelo francês Georges Demeny, ficou conhecido como A Dançarina (foto). Junto com os flip-books, livrinhos com desenhos em sequência que quando folheados parecem se mexer, esses engenhos deram origem ao cinema e ao desenho animado.

1914
Popularização
Os mais antigos desenhos animados foram feitos pelo francês Emile Cohl e vistos por pouca gente. Mas os americanos aprenderam depressa, abriram estúdios e começaram a produzir os chamados cartoons em escala industrial. Um desses pioneiros dos EUA foi Winsor McCay que, entre outros desenhos, produziu o popular Gertie, o Dinossauro (foto), em 1914.

1928
Imagem e som
O cinema, até então mudo, ganha som com o filme O Cantor de Jazz. No mesmo ano surge um novo nome na indústria cinematográfica, Walt Disney, que produz o primeiro desenho animado sonorizado, Snowboat Willie. O filme fez muito sucesso e tornou conhecido o então violento e até hoje engraçado Mickey Mouse (foto). 1 - Animação realista
Os artistas construíram cada uma das situações movimentando os personagens passo a passo. Depois, as seqüências eram animadas, também no programa Topas Animator. Profissionais como Sérgio Esteves, especialista em teatro de bonecos, ajudaram a dar mais realismo ao filme.

2 - Câmera invisível
Olhe para a cena acima e compare com a anterior. Parece que o cenário de fundo se mexeu? Na realidade quem andou foram os personagens e a câmera, que se deslocou para a direita. Não uma câmera normal, mas uma virtual, que pode ser posicionada onde o animador quiser.

3 - Luzes, ação
A iluminação é importante na composição dos planos. Há vários tipos de luz. Ela pode tomar todo o ambiente de maneira uniforme ou ser distribuída em fachos posicionados à vontade, dando até a idéia de brilho solar, se for preciso. Repare como o spot focaliza as testas dos personagens acima.

Caça aos erros
Para saber se uma seqüência está boa, os programas têm um recurso que permite rodar a animação com os objetos ainda sem cores e texturas. Dessa forma, a cena é processada em menos tempo e fica mais fácil encontrar possíveis erros.

Três dimensões
Em qualquer cenário, cada componente é modelado separadamente. Até as imagens das telas que se vêm bem ao fundo na foto ao lado são formadas por partes tridimensionais (veja destaque), que podem ser movimentadas e posicionadas como o animador quiser. 1937
Primeiro longa
Clássico dos clássicos, Branca de Neve e os Sete Anões (foto) é lançado, estabelecendo um novo padrão de qualidade na história da animação. É um dos primeiros filmes coloridos e o primeiro longa-metragem de animação.

1982
Computação gráfica
Tron, ficção científica da Disney (foto), usa pela primeira vez a computação gráfica para efeitos especiais. Conta a história de um engenheiro que enfrenta inimigos no interior de um computador. Um bom filme mas que fracassou na bilheteria, talvez porque o público não estivesse preparado para sua modernidade.

1991
Cenários virtuais
Estréia A Bela e a Fera, grande sucesso da Disney no qual, poucos sabem, o computador trabalhou muito. Alguns personagens, como os talheres dançantes, e a maioria das paisagens vistas ao fundo (foto) foram feitos com a ajuda de bons chips.

1995
Brinquedos vivos
O mundo se espanta com Toy Story,dirigido pelo animador John Lesseter. Mais que a simpática história dos brinquedos que ganham alma, como o cowboy Woody ou o astronauta Buzz Lightyear (foto), o grande responsável pelo sucesso foi o anúncio de que esse era o "primeiro filme todo feito em computador".
Enquanto Toy Story estava sendo feito, o prédio da Pixar Animation Studios, empresa americana de animação por computadores que Steve Jobs, fundador da Apple, comprou em 1986 do diretor de cinema George Lucas, tinha um cômodo conhecido como "sala Sun". Nessa sala ficavam as 117 estações de trabalho da empresa americana Sun Microsystems (foto ao lado) usadas para fazer o filme. Eram computadores com dois a oito processadores, os cérebros eletrônicos da máquina. O poderoso equipamento trabalhou 24 horas por dia num total de 800 000 horas para produzir as imagens vistas no cinema.
Em Toy Story, a Pixar usou diversas técnicas e programas que, juntos, geraram imagens de qualidade inédita. Para cada pixel (ponto da imagem), os computadores realizaram cerca de 500 000 operações matemáticas. Em alguns casos, o detalhamento chega a parecer absurdo. Sabe-se que cada árvore mostrada no filme tem 10 000 folhas e que Sid, o menino malvado, tem 15 977 fios de cabelo. Mas de fato, como aponta Clóvis Vieira, nem tudo saiu do computador. Para construir os personagens, fizeram-se previamente moldes de argila, madeira e plástico. Só depois os bonecos foram passados para o computador, por meio de sensores de leitura ótica, para ganhar as cores e texturas definitivas (veja foto acima).

Breve História do Cinema

A história do cinema
Texto de Ingrid Tavares

Na Europa
A primeira sessão pública, organizada pelos irmãos Lumière em 1895, foi rápida e barata. Por 1 franco cada, 33 assentos foram ocupados por cerca de 20 minutos no subsolo de um café em Paris. Sete anos depois, com as trucagens do francês Georges Mèliés, o cinema virou arte. Confira os principais movimentos e diretores europeus.

1920
Expressionismo Alemão
Sombras, loucura e grotesco são os atores principais do cinema alemão. O movimento tenta representar o clima pós-guerra que toma conta do país e dura até a ascensão de Hitler, que proibiu as artes "degeneradas" e apostou no cinema-propaganda, afugentando grandes diretores do país. Filmes: Metrópolis (Fritz Lang), Nosferatu (F.W. Murnau), O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene).

Avant-Garde Francesa
Artistas das vanguardas plásticas trazem inovações às telas. Para não perder nenhum detalhe de grandes paisagens, o excêntrico Abel Gance coloca 3 câmeras lado a lado. Na hora da exibição, usa 3 projetores, inaugurando o formato de tela conhecido hoje. Filmes: O Cão Andaluz (Luis Buñuel e Salvador Dali), A Concha e o Clérigo (Germaine Dulac), Napoleão (Abel Gance).

Experimentalismo Soviético
A falta de película nas faculdades de Moscou leva estudantes de cinema a descobrir a montagem: usando vários pedaços de filmes famosos e a justaposição de imagens, criam uma nova obra. Influenciados pela Revolução Russa, fazem um cinema ideológico, sem perder o impacto visual. Filmes: O Encouraçado Potemkin (Sergei Eisenstein), Um Homem com uma Câmera (Dziga-Vertov).

1940
Neo-Realismo Italiano
Temas sociais, atores não-profissionais e gravações fora de estúdio. Por levar a realidade do pós-guerra ao cinema com custos tão baixos, os italianos se tornam referência e influenciam diversos diretores, entre eles, o brasileiro Glauber Rocha. Filmes: Ladrões de Bicicleta (Vittorio De Sica), Roma, Cidade Aberta (Roberto Rosselini), A Terra Treme (Luchino Visconti).

Década de 1950: Ingmar Bergman
Memória, psique e dores existenciais são temas tão presentes na sua filmografia, que acabaram se tornando personagens de sua obra.

Nouvelle Vague
Cansados dos mesmos filmes, críticos da conceituada revista francesa Cahiers du Cinema decidem colocar a mão na massa. Ou melhor, a câmera nos ombros. A nova onda usa a seu favor as dificuldades técnicas para contar histórias simples, criando um estilo único. Filmes: Acossado (Jean-Luc Godard), Os Incompreendidos (François Truffaut).

Década de 1980: Pedro Almodóvar
Com linguagem televisiva, beirando o folhetim, Almodóvar costura a sua filmografia de toques biográficos com o tema recorrente do desejo.

1990
Dogma 95
Quatro diretores dinamarqueses se reúnem e criam 10 regras para fazer um cinema puro, simples e sem gênero. Entre elas, ausência de trilha sonora, de luz artificial e de efeitos especiais. O chamado Manifesto Dogma reforça a idéia de que qualquer um pode fazer cinema e cria seguidores pelo mundo. Filmes: Festa de Família (Thomas Vintenberg), Os Idiotas (Lars Von Trier).

Nos EUA
Ironicamente, a milionária indústria cinematográfica americana foi fundada por produtores independentes. Em 1912, eles deixaram Nova Jersey para fugir da guerra judicial promovida por Thomas Edison, que detinha as patentes dos equipamentos de filmagem, e fundaram Hollywood. Confira a história da indústria de sonhos.

1910
Cinema Mudo
Fãs dos melodramas de Charles Dickens, os diretores D.W. Griffith e Charles Chaplin se tornam os nomes do cinema mudo americano. Inaugurando a linguagem clássica, o primeiro faz grandes filmes históricos. Já o segundo usa a comédia burlesca de um vagabundo. Filmes: O Nascimento de uma Nação (D.W. Griffith), Vagabundo (Charles Chaplin).

1930
Cinema de Gênero
Com o advento do cinema falado, os produtores decidem fazer do som o personagem principal do cinema. Musicais aparecem em massa e inauguram a época de ouro do cinema americano. Mas Hollywood não vive só de músicas. A ingenuidade das comédias românticas e as disputas de faroestes também preenchem as telas nessa década. Filmes: A Mulher Faz o Homem (Frank Capra), No Tempo das Diligências (John Ford), Picolino (Mark Sandrich).

Década de 1940: Orson Welles
Para irritar um desafeto, Welles faz sua estréia no cinema. A rusga rendeu à sétima arte um dos melhores filmes da história: Cidadão Kane.

1940
Noir
A violência e as regras da máfia são exploradas nesse gênero, que teve forte influência da literatura policial americana e da estética alemã dos anos 20. Por duas décadas, o Noir – negro, em francês – mostrou crimes e perigosas paixões. Filmes: À Beira do Abismo (Howard Hawks), Anatomia de um Crime (Otto Preminger), Casablanca (Michael Curtiz).

1950
Exploitation
Ao pé da letra, o termo quer dizer exploração. O gênero se refere aos chamados filmes B, feitos com pouca grana e sem méritos artísticos. Baseado em literatura barata e explorando sexo e sangue, o gênero é resgatado nos anos 70 e se populariza nos anos 90, com os filmes de Quentim Tarantino. Filmes: Glen ou Glenda, Plano 9 do Espaço Sideral (Ed Wood Jr.).

1970
Nova Geração
Capitaneados por Francis Ford Coppola e saídos da faculdade, os jovens Martin Scorcese, Brian De Palma, Steven Spielberg e George Lucas invadem Hollywood, trazendo muito lucro aos estúdios com filmes em que a violência e a rebeldia são a tônica. Filmes: O Poderoso Chefão I & II (Francis F. Coppola), Taxi Driver (Martin Scorcese), Tubarão (Steven Spielberg).

2000/1990/1980
Blockbusters
Efeitos especiais levam fantasia e imaginação de volta ao cinema. O resultado: bilheterias astronômicas, seqüências milionárias e o futuro da sétima arte. A tecnologia, cada vez mais presente nos equipamentos e nas telas, permite até driblar ataques de estrelismo, usando atores virtuais. Filmes: E.T. (Steven Spielberg), Titanic (James Cameron), a trilogia Senhor dos Anéis (Peter Jackson), as animações da Pixar.
Texto da Revista Super Interessante


http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_414188.shtml

Cinema: Parte 2

PRIMEIROS APARELHOS - Para captar e reproduzir a imagem do movimento, são construídos vários aparelhos baseados no fenômeno da persistência retiniana (fração de segundo em que a imagem permanece na retina), descoberto pelo inglês Peter Mark Roger, em 1826. A fotografia, desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce, e as pesquisas de captação e análise do movimento representam um avanço decisivo na direção do cinematógrafo.
Fenacistoscópio - O físico belga Joseph-Antoine Plateau é o primeiro a medir o tempo da persistência retiniana. Para que uma série de imagens fixas dêem a ilusão de movimento, é necessário que se sucedam à razão de dez por segundo. Em 1832, Plateau inventa um aparelho formado por um disco com várias figuras desenhadas em posições diferentes. Ao girar o disco, elas adquirem movimento. A idéia era apresentar uma rápida sucessão de desenhos de diferentes estágios de uma ação, criando a ilusão de que um único desenho se movimentava.
Praxinoscópio – Aparelho que projeta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, inventado pelo francês Émile Reynaud (1877). A princípio uma máquina primitiva, composta por uma caixa de biscoitos e um único espelho, o praxinoscópio é aperfeiçoado com um sistema complexo de espelhos que permite efeitos de relevo. A multiplicação das figuras desenhadas e a adaptação de uma lanterna de projeção possibilitam a realização de truques que dão a ilusão de movimento.
Fuzil fotográfico – Em 1878 o fisiologista francês Étienne-Jules Marey desenvolve o fuzil fotográfico: um tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfica circular. Seus estudos se baseiam na experiência desenvolvida, em 1872, pelo inglês Edward Muybridge, que decompõe o movimento do galope de um cavalo. Muybridge instala 24 máquinas fotográficas em intervalos regulares ao longo de uma pista de corrida e liga a cada máquina fios que atravessam a pista. Com a passagem do cavalo, os fios são rompidos, desencadeando o disparo sucessivo dos obturadores, que produzem 24 poses consecutivas.
Cronofotografia – Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o vôo dos pássaros levam Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da cronofotografia a fixação fotográfica de várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema.
Cinetoscópio – O norte-americano Thomas Alva Edison inventa o filme perfurado. E, em 1890, roda uma série de pequenos filmes em seu estúdio, o Black Maria, primeiro da história do cinema. Esses filmes não são projetados em uma tela, mas no interior de uma máquina, o cinetoscópio – também inventado por Edison um ano depois. Mas as imagens só podem ser vistas por um espectador de cada vez.
Cinematógrafo – A partir do aperfeiçoamento do cinetoscópio, os irmãos Auguste e Louis Lumière idealizam o cinematógrafo em 1895. O aparelho – uma espécie de ancestral da filmadora – é movido a manivela e utiliza negativos perfurados, substituindo a ação de várias máquinas fotográficas para registrar o movimento. O cinematógrafo torna possível, também, a projeção das imagens para o público. O nome do aparelho passou a identificar, em todas as línguas, a nova arte (ciné, cinema, kino etc.).
Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) nascem em Besançon, na França. Filhos de um fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890. Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo. Louis Lumière é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos. Seu irmão Auguste participa das primeiras descobertas, dedicando-se posteriormente à medicina.

Cinema: Parte 1

ORIGEM - Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema. Experiências posteriores como a câmara escura e a lanterna mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.
Jogos de sombras – Surge na China, por volta de 5.000 a.C. É a projeção, sobre paredes ou telas de linho, de figuras humanas, animais ou objetos recortados e manipulados. O operador narra a ação, quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões.
Câmara escura – Seu princípio é enunciado por Leonardo da Vinci, no século XV. O invento é desenvolvido pelo físico napolitano Giambattista Della Porta, no século XVI, que projeta uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa.
Lanterna mágica – Criada pelo alemão Athanasius Kirchner, na metade do século XVII, baseia-se no processo inverso da câmara escura. É composta por uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que projeta as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro.